Os deputados que representaram o PSOL na sessão de discussão do processo de impeachment fizeram ataques ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao vice-presidente da República, Michel Temer, e reafirmaram voto contra o afastamento de Dilma Rousseff por entender que o processo se trata de um “golpe”. Falaram pelo partido o líder, Ivan Valente (SP), e os deputados Jean Wyllys (RJ), Chico Alencar (RJ), Edmilson Rodrigues (PA) e Luiza Erundina (SP).
– Se há ruptura da ordem democrática, há um golpe institucional e aqueles que comandam isso terão carimbo de golpista. São duas datas, o 1º abril de 1964 e, se passar agora, será o segundo golpe, dia 17 de abril – afirmou Valente.
Enquanto o líder discursava criticando o programa do PMDB expresso no documento “Ponte para o futuro”, o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) gritou do meio do plenário interrompendo o discurso. Valente retrucou:
– Cala a boca palhaço.
O deputado Jean Wyllys chamou Temer de “conspirador” e “traidor”. Chico Alencar afirmou que o processo de impeachment é uma farsa por derivar de uma barganha entre Cunha e o PT. Disse ainda que o fato de a decisão acontecer na semana de Tiradentes realça a diferença dos momentos históricos.
– O Brasil é o país das transições intransitivas. Se tentar mudar de verdade, é enforcado. O resto é mudança de perfumaria, é mudar para continuar como está. Ou vocês acham que o PMDB é solução? Ele é parte do problema – disse Alencar.
Luiza Erundina afirmou que a condução do processo por Cunha tira a legitimidade do debate e cria embaraços para o Brasil no exterior.
– Um processo de impedimento de um presidente da República conduzido por um deputado réu, que é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro, isso desmoraliza a Casa perante a sociedade e enxovalha a imagem do Brasil no mundo – disse a deputada.
Fonte: O Globo