Durante audiência pública realizada nesta terça-feira na Assembleia Legislativa e diante da reclamação generalizada de prefeitos e lideranças políticas sobre a crise no abastecimento de água na região do Trairi, o diretor de Operações da Caern, Tiago Índio do Brasil, se comprometeu a disponibilizar engenheiros e técnicos da companhia, com o objetivo de reunirem com os gestores municipais afim de buscar soluções que possam minimizar o problema. O deputado estadual Tomba Farias (PSDB), propositor da audiência pública, anunciou que irá pedir para a bancada federal potiguar destinar emendas parlamentares que seriam utilizadas na ampliação do sistema de captação e distribuição de água, que atualmente atende aos municípios através da adutora Monsenhor Expedito.
“Santa Cruz é uma das cidades que mais cresce no Rio Grande do Norte e tem população flutuante devido às universidades, turismo e até pessoas de cidades vizinhas que circulam por lá. Para se ter uma ideia, são 820 leitos em hotéis e, com o aumento no calor, o consumo é ainda maior. Não é problema de gestão, e sim que houve um aumento significativo no consumo de água e, com a seca, precisa distribuir para outras regiões, favorecendo o desabastecimento. Precisamos de uma alternativa”, disse Tomba Farias.
No debate, diversos prefeitos falaram sobre a situação de suas cidades. Chefe do Executivo de Japi, Jodoval Pontes relatou que a cidade, que possui 7 mil habitantes, enfrenta constantemente a falta de água. Segundo ele, apesar da situação ter melhorado, é importante que uma medida para sanar o problema do desabastecimento seja tomada.
Um dos municípios em que a situação está bastante complicada é Campo Redondo. Segundo o gestor municipal, Alessandru Alves, tem setores da cidade que estão há mais de 20 dias sem abastecimento e a população tem sido prejudicada.
Na audiência pública ficou claro que a falta de água se verifica em quase todos os municípios do Trairi, especialmente aqueles que estão em pontas de rede como Santa Cruz, Campo Redondo, Jaçanã, entre outros.
O prefeito de Santa Cruz, Ivanildo Ferreira, defendeu que a Caern amplie o fornecimento de água para Santa Cruz, que atualmente recebe 240 metros cúbicos de água por dia. Segundo o gestor, o ideal seria uma cota de 320 de metros cúbicos diários.
O fato é que a falta de água atinge municípios cuja distribuição de água é administrada pela Caern, como também cidades que têm a gestão da água sob a tutela do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgotos), como é caso de Santa Cruz.
SOLUÇÕES
Participando da discussão, o engenheiro Celso Veiga, que atuou durante a construção da adutora Monsenhor Expedito defendeu o estabelecimento de cotas para as cidades. “É preciso estabelecer as cotas de cada cidade. Serão cotas com sacrifício. Estamos carentes de água, o conflito de água existe no mundo todo. Não é só problema de engenharia. É financeiro, econômico e, antes de tudo, de entendimento”, sugeriu o engenheiro.
O Diretor de Operações da Caern enfatizou que a adutora não tem como enviar mais água para os municípios. Tiago índio do Brasil defendeu o uso sustentável da água nos municípios. ” Usem a água de forma sustentável, é um conselho que damos sempre”, disse o diretor de Operações.
A adutora Monsenhor Expedito foi construída em 1998 e, inicialmente, o foco era abastecer 10 cidades. Contudo, atualmente, ela é responsável pelo abastecimento de água em 30 cidades, o correspondente a 278.653 habitantes, segundo estimativa do IBGE de 2017.
“A adutora tinha uma capacidade de abastecer um número muito menor de pessoas. As cidades cresceram e outras cidades passaram a integrar e, por isso, a capacidade foi obstruída”, disse o deputado Ubaldo Fernandes, também presente na reunião.