A jornalista potiguar, Juliana Celli, usou seu perfil em uma rede social para fazer uma denúncia contra o deputado estadual Getúlio Rego (DEM). De acordo com a postagem, feita na manhã de hoje (15), a jornalista, que é assessora de comunicação da Assembleia Legislativa do RN, foi mais uma vítima da onda de intolerância em torno do processo eleitoral.
Segundo, Juliana Celli, o deputado Getúlio Rego, a insultou e agrediu verbalmente, após ela afirmar que não votaria no candidato a presidência da República, Jair Bolsonaro.
“Na quinta-feira pela manhã eu estava trabalhando quando um superior fez o sinal usado pelo candidato Bolsonaro, aquele que simula duas armas. Ele me perguntou se eu estava pronta pra fazer o tal gesto. Eu falei que não faria porque não voto nesse candidato, na verdade decidi não votar em nenhum dos dois candidatos postos por não concordar nem com um nem com o outro. Foi aí a minha surpresa, o superior, o deputado estadual Getúlio Rêgo, que até então sempre tive uma boa convivência, começou a me insultar. Ouvi palavras como corrupta, mentirosa, e que eu deveria pedir exoneração do meu cargo (de confiança). Ele estava completamente alterado, falando alto, gesticulando em minha direção”, escreveu ela na rede social.
A assessora contou ainda que ouviu do deputado que ela deveria votar em quem o chefe quisesse.
“Ele continuou esbravejando, na frente deles e de mais alguns servidores, que eu deveria votar em quem meu chefe mandasse. Eu voltei a argumentar que não estávamos mais no tempo de “votos de cabrestos”, algo muito utilizado nos “currais” eleitorais e que meu chefe direto é democrático, jamais iria me obrigar a votar em quem eu não quisesse”, denunciou.
Até as 11h 00 de hoje, a postagem de Juliana Celli já tinha 1.277 curtidas e 181 comentários.
Em contato com o deputado Getulio Rego, a assessoria informou que o deputado se encontra em viagem do interior para Natal, mas garantiu que amanhã irá falar sobre o assunto durante a sessão da assembleia legislativa.
Em nota, o sindicato dos jornalistas do RN se solidarizou com a assessora e repudiou a a atitude do deputado. Leia:
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte vem a público repudiar os atos de intolerância e autoritarismo cometidos em todo o País, à medida que se aproxima o dia da votação do segundo turno da campanha eleitoral à Presidência. Práticas totalitárias, violentas e preconceituosas, têm manchado a história da nossa democracia e colocado a vida de muitos em risco, inclusive dos colegas que fazem a imprensa norte-riograndense.
Repudiamos veementemente atos como o praticado pelo deputado estadual Getúlio Rêgo contra a colega jornalista Juliana Celli, no interior da Assembleia Legislativa, durante o expediente de trabalho. Tais atos foram relatados por ela em suas redes sociais nesta segunda-feira (15). Por anunciar um voto contrário ao do deputado, numa conversa corriqueira, a jornalista teve seu direito à livre opinião abafado pelo discurso autoritário do parlamentar, que passou a agredí-la verbalmente, na presença de diversas pessoas, numa clara prática de assédio moral e constrangimento profissional.
Num processo democrático, atitudes como a do parlamentar colocam em risco direitos constitucionalmente garantidos como a liberdade de opinião e de expressão, e revela o perigo que nos cerca.
O Sindjorn estará sempre na trincheira da democracia, base de nascimento de todas as conquistas sociais que temos hoje. Nos solidarizamos com a colega Juliana Celli, colocando os setores do Sindjorn à disposição para o acompanhamento do caso.
SINDJORN