Inimaginável. Em política, quase tudo é possível. Mas há situações que poderiam entrar para os casos ‘inimagináveis’. É o caso do racha familiar pelo comando do MDB no RN. Inimaginável pensar em Henrique Alves e Garibaldi Filho separados. Em partidos distintos. Mas deverá acontecer.
Após ser absolvido em alguns processos que tramitam contra ele, Henrique Alves, o filho preferido de Aluízio Alves, ganhou fôlego e voltou a fazer o que sabe e gosta: Articular, fazer política.
Mas, não se imaginava que Henrique já sinalizasse desejo de disputar eleições. Alguns acham muito cedo; outros, que é precipitado e que ele poderá ser alvo de pancadas judiciais. O fato é que Henrique se animou e começou a se mexer.
O problema é que, no meio do caminho existem obstáculos. Um deles, é o comando do MDB no RN, que vai decidir para onde vai a sigla no pleito do próximo ano. Henrique já não comanda o partido aqui no Estado; nem tem o respaldo nacional para mudar esse quadro.
O MDB já decidiu qual será seu projeto prioritário em 2022: Reeleger o deputado Federal Walter Alves. As pretensões secundárias e originárias desse projeto, são e serão secundárias, presas ao objetivo macro partidário e já decidido. Decisão legítima do ponto de vista partidário.
Nos últimos dias, ocorreu uma conversa telefônica que definiu de forma conclusiva, o projeto do MDB. O ex-governador, ex-senador e ex-ministro Garibaldi Alves Filho, ligou para seu primo/irmão Henrique Alves. Ali falava a maior expressão eleitoral do MDB depois de Aluízio Alves.
Garibaldi chamou Henrique de irmão, relembrou momentos entre os dois; rememorou como se comportou Aluízio quando comandava o partido e que Henrique sempre foi o principal projeto do velho Bacurau. A conversa teve momentos emocionantes. Mas também foi tensa. O principal ponto da ligação era comunicar ao primo que o projeto é outro.
O quadro mudou. A relação entre os primos é de amor mútuo. Mas, o coração de pai fala mais alto que o de irmão postiço e primo legítimo. As palavras proferidas por Garibaldi pareciam rasgar a garganta, uma lança que feria o coração.
Doloroso. Mas necessário. Garibaldi disse ao primo/irmão Henrique que, assim como Aluízio, ele acompanha o projeto do filho; e esse projeto não permite que Henrique dispute com Walter no mesmo partido, com risco que Garibaldi não quer correr.
Portanto, não há como permanecer os dois na mesma legenda. Walter Alves e Henrique Alves podem até disputar o mesmo cargo eletivo, de deputado Federal. Mas o farão em legendas distintas. Walter no MDB. Henrique ainda não definiu seu destino partidário.
Essa decisão nasceu depois de articulação com a cúpula do MDB, que garantiu a Walter, a permanência no comando do partido e respeito às suas decisões locais. Ou seja: O que for decidido por Waltinho, será acatado pela cúpula.
Há outro componente que foi levado em consideração para a não participação de Henrique de forma ostensiva no processo eleitoral do próximo ano: Desgaste. Há em mãos da cúpula do MDB no RN, pesquisas qualitativas que revelam um alto grau de rejeição e desgaste referentes ao nome de Henrique. São adjetivos pesados dirigidos ao filho de Aluízio, fruto do desgaste do envolvimento com a Operação Lava Jato e seu período na prisão.
Familiares ainda tentam contornar o que se desenha como rompimento irreversível entre Garibaldi e Henrique.
Só há uma possibilidade de manter a família unida: Henrique ceder, aceitar e apoiar o projeto de Garibaldi para 2022. A reeleição de Waltinho é inegociável. Garibaldi mata e morre pelo filho. O que é absolutamente natural partindo de um pai. Aluízio fez isso a vida toda por Henrique.
Qual caminho Henrique Alves seguirá, somente ele poderá responder. Por enquanto, o marido de Laurita está em silêncio quanto ao seu futuro político. O certo é que o MDB não será mais a casa partidária de Henrique, caso ele decida confrontar o primo/irmão Garibaldi.
Do contrário, a convivência poderá permanecer e ambos seguirão no mesmo partido que já estão há décadas. Nesse caso, levantarão juntos, como sempre, a bandeira verde da Esperança Aluizista.
Mas esse desfecho não está fácil. O rompimento parece ser o caminho. O tempo nos dirá.
Blog do Túlio Lemos