O Setembro Amarelo foi tema de discussão na tarde desta terça-feira (18), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Reunindo deputados, autoridades no assunto e pessoas que tiveram familiares como vítimas do suicídio, a Audiência Pública apontou para ações emergenciais que devem ser tomadas para reduzir o número de suicídios no estado. Entre os principais pontos está a implantação de uma rede de segurança na Ponte Newton Navarro.
Atualmente, o número aproximado de mortes referentes a suicídios no Brasil supera os 11 mil por ano, sendo a terceira maior causa de mortes por fatores externos identificados, com 6,8% dos casos, atrás somente dos homicídios (36,4%) e das mortes relacionados ao trânsito (29,3%). Apesar de haver um aumento no número de casos e redução ampliação das notificações, o caso ainda é tratado como tabu. A falta de informações concretas, na opinião dos participantes do debate, dificulta a realização de açõs para prevenir novos casos de suicídio.
No entendimento da professora Anna Karina Silva, do departamento de Psicologia da UFRN, é preciso que o tema seja mais discutido e deixe de haver uma barreira ao se falar sobre suicídio. Para ela, ações imediatas devem ser tomadas tanto para dificultar a tentativa de suicídio quanto para conscientizar a população e profissionais de Saúde sobre como agir quando encontrar uma pessoas que pensem em tirar a própria vida.
“Tem que se criar espaços para tratar sobre o tema, nas escolas, no trabalho e nas famílias. É preciso que se abra a possibilidade de pedir socorro. Um atendimento a quem fala em se matar sempre é emergencial. Para cada suicídio, temos cerca de 20 tentativas. Temos que prevenir. O atendimento ao suicida é urgente”, disse a professora, que citou a Ponte Newton Navarro como um local onde é preciso atenção especial do Poder Público. “Precisamos pensar na Ponte. Percebemos o quanto é difícil se cuidar, já que desde o primeiro dia após a inauguração, os suicídios são frequentes. Tem sido um local escolhido por muitos para dar fim à própria vida. Precisamos tomar ações emergenciais que possam produzir uma intenvenção imediata”, sugeriu a professora.
Médico psiquiatra do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), Emerson Arcoverde acredita que é preciso mudanças na formação dos profissionais da área de Saúde, para que os cuidados com a saúde mental também sejam prioridade no atendimento, identificando casos de pessoas que têm ou estão com tendências suicidas.
“Não é só um problema de saúde, mas é um problema que é da sociedade e vai além de uma especialidade. Todo o profissional de saúde deve ter os cuidados, para impedir o adoecimento e em outra tentativa. Os profissionais devem ser formados de maneira mais adequada, os já formados devem formar um ambiente que se entenda o adoecimento mental e temos que tirar a melhor oportunidade de prevenção”, explicou o médico e professor.
Ainda na audiência, onde várias pessoas expuseram casos de suicídios ou tentativas envolvendo familiares, ficou definido que o Poder Legislativo vai atuar para cobrar a implantação de uma política estadual para a prevenção dos suicídios, além de requerer oficialmente ao Poder Executivo a instalação de uma rede de proteção na Ponte Newton Navarro.