Dez desembargadores (sendo dois aposentados), quatro ex-governadores, o atual governador, cinco deputados federais, um ex-deputado federal, dois senadores, um ex-senador, deputados estaduais, oito conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (sendo três já aposentados) e outros políticos são citados nas Colaborações Premiadas da ex-procuradora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, Rita das Mercês, e cinco familiares.
Os agentes políticos e membros do Judiciário são apontados como supostos beneficiados e mandantes do esquema de inclusão de funcionários fantasmas no poder legislativo, segundo consta no Acordo de Colaboração, cujo teor detalhado em 19 páginas, é revelado neste sábado em matéria exclusiva assinada pela jornalista Aura Mazda, repórter do matutino diário Tribuna do Norte. As ações criminosas teriam ocorrido durante nove anos, entre 2006 e 2015.
Firmado em 4 de agosto de 2017 com o Ministério Público Federal (MPF), a delação foi homologado em 4 de outubro do mesmo ano pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. No Acordo de Colaboração ficou estabelecido que os seis colaboradores (Rita e familiares) não serão presos quando houver um julgamento, entre outras vantagens.
Rita das Mercês terá a substituição de uma possível pena por quatro anos de prestação de serviços comunitários, durante sete horas por semana. Gustavo Villarroel (filho) e Tangriany de Negreiros Reinaldo (nora) também terão que prestar serviços comunitários por dois anos. A Mariana Morgana (neta), Maria Lucien Reinaldo (irmã) e Maria Nilza (tia) foi prometido o perdão judicial. Os colaboradores terão o passaporte devolvido.
A delação da “Dama de Espadas” aponta como principal beneficiário do esquema o hoje governador Robinson Faria, e cita ainda os deputados Ricardo Motta e Ezequiel Ferreira. As defesas das autoridades supostamente envolvidas nas ilicitudes foram procuradas pela Tribuna do Norte:
A defesa do governador Robinson Faria, representada pelo advogado José Luis Oliveira Lima, não se manifestou sobre as acusações até o fechamento desta matéria. A assessoria o governo, em nota, disse que o Governo do RN não irá se pronunciar sobre a operação Dama de Espadas “por se tratar de assunto de âmbito pessoal e anterior ao cargo de Governador”.
A defesa do deputado estadual Ricardo Motta, representada pelo advogado Thiago Cortez, disse que vai se manifestar nos autos do processo, “entendendo que a delação não trouxe nenhum elemento novo de prova e que será comprovado que não houve nenhum dos fatos ali narrados. Que a simples palavra do colaborador deve ser provada de forma cabal e não apenas por presunção”.
A assessoria jurídica de Ezequiel Ferreira, informou que não teve acesso aos termos da colaboração premiada de Rita das Mercês Reinaldo. “O deputado rechaça a existência de irregularidade no exercício de seu mandato e se coloca à disposição da Justiça ou de qualquer órgão de investigação para esclarecimentos, caso sejam necessários”.
DESEMBARGADORES DO TJRN INDICARAM 30 PESSOAS
Segundo ainda relata Tribuna do Norte, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, 10 desembargadores, incluindo dois aposentados, indicaram, juntos, 30 pessoas. Segundo Rita das Mercês, da mesma forma que desembargadores faziam pedidos ao Legislativo para fazer inclusão de nomes de seus interesses, os deputados tinham costume de indicar pessoas de seu interesse para o TJRN. Na delação, Rita também confirma que oito conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) teriam indicado 25 pessoas para cargos na ALRN.
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