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COVID: Pesquisadores na Paraíba desenvolvem a ‘máscara de camarão’ que salva vidas

LABORATÓRIO CERTBIO DA UFCG DESCOBRE PROPRIEDADE VIRUCIDA DA QUITOSANA E INSERE MATERIAL EM MÁSCARAS CIRÚRGICAS. FOTO: DIVULGAÇÃO

Pesquisadores do Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste (Certbio), da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolveram uma máscara cirúrgica biodegradável, com material capaz de reter o vírus da covid-19 (SARS-CoV-2) e matá-lo. A máscara é descartável mas tem durabilidade segura de até 24 horas seguidas de uso.

O projeto “Proteção no Combate à Covid-19: Inovação no desenvolvimento de Máscara Cirúrgica” foi uma das 18 propostas selecionadas no edital lançado por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba, no início da crise de saúde causada pela epidemia do coronavírus na Paraíba. Foi uma iniciativa emergencial do Governo do Estado da Paraíba, através da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia, com o objetivo de apoiar a pesquisa científica e encontrar soluções para o problema. Os recursos totais para os projetos são exclusivamente do governo estadual e ganharam um aporte da Assembleia Legislativa da Paraíba. Somam R$ 2 milhões.

Na experiência desenvolvida no Certbio foi aplicado um elemento chamado quitosana no material da máscara, um biomaterial que atua como bactericida, fungicida e agora os pesquisadores comprovaram que é um virucida. O custo final desse elemento em cada unidade não passa de R$ 0,10. Está escrito corretamente: dez centavos.

A quitosana é obtida de exoesqueletos (esqueleto externo) de crustáceos, insetos ou fungos. A matéria prima usada pelo Certbio é o camarão, facilmente encontrado na costa nordestina; além disso, a Paraíba tem a maior usina de beneficiamento de camarão do Nordeste. É um elemento com potencial para o desenvolvimento econômico da a região.

Ao contrário de outros materiais comumente usados em máscaras cirúrgicas, a quitosana é biodegradável. “Ao invés de ‘brigarmos’ com a natureza, estamos nos aliando à ela e oferecendo defesa à sociedade a partir da própria natureza”, afirma o coordenador da pesquisa, professor Dr. Marcus Vinícius Lia Fook.

O cientista deixa claro que a quitosana não trata a covid-19. Ela auxilia porque não permite que o vírus passe por ela. É um bloqueio químico. A máscara, por si só, é um bloqueio físico. Com a quitosana, ganha um reforço químico.

Sem a quitosana, o vírus bate na barreira física e retorna vivo para o ambiente. Se ele encontrar onde se fixar e tiver condições de sobreviver ali, poderá infectar alguém desavisado. Com a quitosana é diferente. Se o vírus passar perto da quitosana ele será atraído a ela e não encontrará condições de sobreviver. Morre. É exterminado. Em resumo: a quitosana tem a capacidade de capturar o vírus e não dá a ele ambiente propício para permanecer ativo.

O único ambiente de beneficiamento de casca de camarão para a produção de quitosana “grau médico” – que tem uso médico, com condições de pureza e controle de fabricação – é em Campina Grande, no Certbio. E a maior planta para produzir quitosana sem ser grau médico é no Ceará.

Além das máscaras, o Certbio desenvolveu também uma quitosana em gel que, diferente do álcool em gel, também é virucida. Higieniza as mãos com uma ação mais prolongada sem os aspectos negativos do álcool em gel, que resseca as mãos. Pelo contrário, ele não só protege como rejuvenesce as mãos. Do ponto de vista da pesquisa, o produto está pronto e em breve deverá ser distribuído para os hospitais da Paraíba.

A população terá acesso a essa tecnologia indiretamente. Segundo Marcus Vinícius, uma empresa da Paraíba está interessada em aplicar essa tecnologia em leitos hospitalares, nas roupas de cama, nos utensílios e aparelhos, o que dará uma proteção adicional. Da mesma forma, a empresa está interessada na produção das máscaras para distribuição hospitalar, não só na Paraíba, mas em outros estados.

O Poder

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