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Covid mata mais negros e pobres no Rio Grande do Norte, aponta estudo

DIVULGADO NESTA SEMANA, O DOCUMENTO ANALISA OS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DO RIO GRANDE DO NORTE, REGISTRADOS PELA SESAP, ATÉ O DIA 13 DESTE MÊS.. FOTO: ILUSTRAÇÃO/AFP

Apesar dos bairros mais ricos de Natal terem as maiores incidências de casos do novo coronavírus, são nos endereços mais pobres que as mortes causadas em decorrência da covid-19 são mais frequentes. É o que aponta o documento “Epidemiologia da Covid-19 no RN: tendência de casos e óbitos”, elaborado pelo especialista e participante do Comitê Científico da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN), Angelo Roncalli. A desigualdade da doença também é evidenciada pela cor das vítimas: dois terços das mortes no Rio Grande do Norte são de pretos e pardos – que correspondem a 72,2% dos pobres do Brasil.

Divulgado nesta semana, o documento analisa os dados epidemiológicos do Rio Grande do Norte, registrados pela Sesap, até o dia 13 deste mês e observa a desigualdade a partir da incidência e letalidade nos bairros da capital. Após a análise das informações levantadas, o especialista Ângelo Roncalli conclui que a desigualdade se expressa tanto em termos de distribuição urbana e de renda, em Natal, quanto na observação da cor ou raça das vítimas em todo  o Estado.

As estatísticas mostram que em novembro, 44,2% dos infectados pelo coronavírus no Rio Grande do Norte eram brancos, e 40,6%, pardos e pretos. Entretanto, quando analisados os óbitos, a proporção é maior entre os que menos se infectaram: 64,4% das mortes em decorrência da Covid-19 foram de pardos e pretos, e 27,6% ocorreram entre pessoas brancas. “O traço da desigualdade social surge não na possibilidade de ser contaminado por Covid-19, mas na probabilidade de morrer uma vez contraída a doença”, afirma Ângelo Roncalli.

Com análise apenas dos bairros de Natal, a desigualdade se apresenta mais uma vez. As maiores incidências de casos (número de infectados por cada 100 mil habitantes) ocorrem nos bairros de renda mais alta da capital potiguar, mas a doença é mais letal nas vizinhaças com menor renda per capita. Enquanto os casos são mais frequentes em Petrópolis, Tirol, Lagoa Nova e Ponta Negra, a chance de morrer é maior nos bairros de Felipe Camarão, Rocas, Mãe Luiza, Alecrim e Dix-Sept Rosado.

A exceção é o bairro de Nossa Senhora da Apresentação, na zona Norte, que, ao contrário dos outros citados, apresenta a segunda maior incidência de casos do novo coronavírus entre os bairros de Natal e possui uma taxa de óbito alta. Nossa Senhora da Apresentação é a localidade mais populosa da capital, com cerca de 100 mil habitantes.

Tribuna do Norte

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