As medidas de prevenção ao coronavírus já resultam em grande prejuízo não só para a hotelaria e agência de viagens de Natal, como também para o setor de bares e restaurantes, que amargam dia após dia o desaparecimento de clientes em suas mesas. Até mesmo um dos mais tradicionais restaurantes da capital potiguar, o “Camarões”, conhecido não só pela boa gastronomia, mas também por receber um grande fluxo de turistas e nativos, que muitas vezes tinham que se submeter a uma “lista de espera”, convive atualmente com uma dura realidade – garçons de braços cruzados e mesas sem consumidores, como registrou um vídeo feito na noite desta terça-feira. A churrascaria Fogo & Chama, uma das mais concorridas no corredor turístico de Ponta Negra, também registra o declínio de clientes em seus salões. Com o “desaparecimento” dos clientes presenciais, o “delivery” é a palavra mágica que tem feito girar o fluxo de caixa dos estabelecimentos de alimentos e bebidas. O cenário de ausência de consumidores também atinge em cheio as praças de alimentação de shoppings centers.
Diante das medidas de proteção para evitar a propagação do coronavírus, hotéis e pousadas situadas nos polos turísticos de Ponta Negra e Via Costeira assistem a queda das reservas internacionais que contribuíam para azeitar os cofres desses estabelecimentos.
O mesmo drama vive as agencias de turismo emissivo, que trabalham com a venda de passagens e pacotes para destinos nacionais e internacionais. Um dos principais produtos internacionais que anualmente é vendido em Natal é a “Disneylândia”, que, no mês de julho leva centenas de jovens e adolescentes para a terra do Mickey. Este ano, a “Disneylandia” deixou as empresas de turismo a ver navios. O quadro é adverso: reservas de pacotes para viagens nacionais e internacionais são canceladas e clientes buscam receber de volta os valores pagos.
Diante disso, a ABAV nacional lançou a campanha “Adia”, voltada para estimular os consumidores a adiarem seus planos para se protegerem do COVID-19. Na verdade, a campanha “Adia” tem, nas entrelinhas, o objetivo de convencer consumidores a não pedir o ressarcimento dos valores pagos, e sim remarcar suas viagens.
Os prejuízos atingem toda uma cadeia produtiva do turismo, que envolve desde as agências de viagens que recebem comissão pela venda dos pacotes, como também os hotéis, companhias aéreas, agências de receptivo, entre outros segmentos.
O necessário pedido que a governadora Fátima Bezerra (PT) fez a ANAC para suspender os voos internacionais para Natal deverá ter repercussões futuras. Por exemplo, o voo charter da Holanda, com uma frequência semanal para Natal, dificilmente será renovado, segundo a opinião de expoentes do turismo local. Até porque, além das questões inerentes ao coronavírus, a operadora holandesa Corendon tem créditos a receber dos governos estadual e municipal, créditos esses não pagos até o momento.