SELO BLOG FM (4)

Conheça a história do São João de Caruaru

Rua São Roque ficava decorada para o São João durante todo o mês de junho, em Caruaru (Foto: Marinete Lira/Arquivo Pessoal)

Rua São Roque ficava decorada para o São João durante todo o mês de junho, em Caruaru (Foto: Marinete Lira/Arquivo Pessoal)

Todos os anos milhares de pessoas prestigiam o São João de Caruaru, no Agreste pernambucano. Conhecido como o “Maior e Melhor São João do Mundo”, o palco principal dos festejos juninos do município é o Pátio de Eventos Luiz Gonzaga. Mas, nem sempre foi assim. Idealizada pelo falecido odontologista Agripino Pereira, a festa teve início em 1972 na Rua São Roque, no Centro, segundo o historiador Walmiré Dimeron. “Ele gostava demais de organizar tudo. Era uma época muito boa”, lembrou a aposentada Tereza Pereira, de 74 anos – viúva de Agripino.

A família Pereira morava na Rua São Roque quando o odontologista – ao lado a mulher dele – teve a ideia de decorar o local para comemorar o São João. Como as pessoas receberam a festa de forma positiva, em 1973 Agripino foi até Vitória de Santo Antão tentar conseguir patrocínio de uma empresa de bebidas – que ajudou cedendo um carro de som para animar as quadrilhas e cirandas. Naquele ano, a festa passou a ser realizada na Rua 3 de maio.

“Para a decoração da rua, todos os vizinhos participavam, eram cerca de 33 famílias. Meus filhos tinham três, sete, dez, 11 e 12 anos na época e os maiores já ajudavam também. Eu ficava fazendo pamonha, canjica e as outras comidas típicas porque naquele tempo não tinha ninguém que vendesse, como tem hoje. Eu ainda ajudava a organizar as apresentações culturais, como ciranda, quadrilha e dança de fita”, conta Tereza.

De acordo com a aposentada, todos os anos era formada uma comissão para organizar a festa junina. “Meu marido foi o primeiro presidente desse grupo. Todos os anos elegíamos um. Até 1976, mesmo não sendo mais o presidente, Agripino ficava ajudando na produção do São João como coordenador”, ressalta.

Tereza ainda conta que nomes da música como Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Azulão chegaram a animar o evento. “Era muito bom. Como não tínhamos palco, esses artistas cantavam em cima de um caminhão”, recorda.

O casal deixou de participar da organização do evento quando foi morar em outro bairro e Agripino começou a estudar odontologia. A aposentada explica que em 1977 quem ficou à frente do São João foi uma das seis irmãs Lira, as quais sempre ajudavam a família Pereira durante o festejo. “Entregamos todos os materiais e fotos para elas. Depois disso, só ficou a saudade e as lembranças”, diz Tereza.

Tereza, viúva de Agripino Pereira, ao lado das filhas Agristelma (esq.) e Agristela (dir.) (Foto: Joalline Nascimento/G1)

Tereza, viúva de Agripino Pereira, ao lado das filhas Agristelma (esq.) e Agristela (dir.) (Foto: Joalline Nascimento/G1)

Devido ao crescimento do São João no Centro da cidade, as emissoras de rádio decidiram criar um concurso na década de 70 para escolher a rua que ficava mais bonita e com a melhor decoração junina. Por 11 anos a 3 de maio foi vencedora. Depois, a Fundação de Cultura e Turismo do município procurou as irmãs Lira para que a rua não participasse mais da competição. “Pensavam que a gente não iria caprichar porque não estávamos competindo, mas aí foi que fizemos bonito”, ressalta Marinete.

A aposentada se sente orgulhosa por saber que colaborou com a construção do São João de Caruaru – que, para ela, é “o melhor do mundo porque atrai muitos visitantes, tem muita divulgação e as melhores atrações”. “Eu continuo gostando de São João e vou para a festa sempre que posso. Quando não, fico vendo pela televisão e torcendo para que seja linda, como sempre”, diz Marinete.

Importância histórica
De acordo com o historiador Walmiré Dimeron, Agripino Pereira e as irmãs Lira foram os personagens responsáveis por consolidar Caruaru como a “Capital do Forró”. “Eles tornaram comunitária uma festa que antes era familiar. A participação das pessoas ocorria de forma espontânea porque eles gostavam de fazer aquilo”, enfatiza.

Rua 3 de maio na década de 70 (esq.) e em 2016 (dir.) (Foto: Marinete Lira/Arquivo Pessoal/Joalline Nascimento)

Rua 3 de maio na década de 70 (esq.) e em 2016 (dir.) (Foto: Marinete Lira/Arquivo Pessoal/Joalline Nascimento)

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

Comente aqui