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Comissão discute medidas para garantia da saúde mental e prevenção de suicídios em Natal

Marcelo Barroso

A Comissão de Direitos Humanos, Proteção das Mulheres, Idosos, Trabalho e Minorias da Câmara Municipal de Natal, debateu na manhã desta sexta-feira (7) sobre as políticas de saúde mental, com vistas a evitar suicídios. Vários aspectos da problemática foram apresentados com dados para combater o problema, considerado de saúde pública.

“A saúde mental não pode ser tratada de forma pontual, voltada apenas para um espaço físico, como a ponte Newton Navarro. É um direito humano e por isso é fundamental pensar a vida das pessoas na amplitude da saúde mental, de acolhimento e prevenção”, destacou a vereadora Divaneide Basílio (PT). Os vereadores Robson Carvalho (PMB), Maurício Gurgel (PSOL), Cícero Martins (PSL) e Ana Paula (sem partido) participaram do debate.

A Ponte Newton Navarro, em Natal, tornou-se principal cenário do noticiário depois que sentinelas voluntários se instalaram às suas margens para abordar pessoas com intenções suicidas e evitar o ato em si. Contudo, a representante da equipe técnica da saúde mental da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap-RN) revelou que apenas 1% dos casos de suicídio acontecem na referida ponte. “Temos 95% dos casos acontecendo em casa, por outros meios, enquanto 4% acontecem em áreas externas que não são a ponte. Somente 1% é registrado na ponte Newton Navarro, demonstrando que não se limita a um local, muito embora seja preciso melhorias em termos de estratégias de prevenção”, disse.

Neste sentido, ela conta que existe um grupo multidisciplinar, com representantes de secretarias de segurança, saúde, juventude e educação, do Governo do Estado e de Natal, traçando medidas para enfrentar a problemática. Entres estas, o projeto de contenção na ponte, apresentado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RN); o reforço do monitoramento por câmeras, que agora cobre 100% da estrutura; e o trabalho conjunto do Centro de Valorização da Vida (CVV) com o SAMU.

A reunião contou com a participação de profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), secretarias do Estado e Município, professores, especialistas e pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Os participantes relembraram grupos que sofrem racismo, preconceito, discriminação, idosos, como sendo os que mais apresentam sinais. A presidente da Atrevida (Associação de Travestis Reencontrando a Vida), Jaqueline Brasil, mais uma vez reforçou como a população LGBT é atingida. “Pela forma como a sociedade rejeita, despreza e discrimina, a população LGBT tem elevado percentual nos índices de suicídio e de saúde mental comprometida. Nós lutamos provocando os órgãos públicos para que criem politicas públicas voltadas para este público, para que seja criado um plano de atendimento e acesso à saúde mental”, disse.

Foi observado que o problema da saúde mental e suicídio atinge diversos segmentos e por razões diversas. É consenso que a atenção básica de saúde deve  estar capacitada para reconhecer, acolher e tratar pessoas que apresentem problemas de saúde mental e pensamentos suicidas. “Nós pensamos que deve-se cuidar do indivíduo quando este ainda está no grau de depressão. A atenção básica é o ponto da rede de grande importância para que seja feita a intervenção imediata e, com isso, melhorar o fluxo dos serviços, porque em momento de crise o indivíduo tem que saber saber como, a quem e onde procurar ajuda no sistema”, enfatizou Liege Uchôa, do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (NESC/UFRN).

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