SELO BLOG FM (4)

Com queda no pouso e decolagem de aviões e no volume de passageiros, fluxo do aeroporto não decola e está longe da meta

Em nota à TRIBUNA DO NORTE, Inframerica credita redução na movimentação de passageiros ao cenário nacional de crise econômica

INFRAMERICA CREDITA REDUÇÃO NA MOVIMENTAÇÃO DE PASSAGEIROS AO CENÁRIO NACIONAL DE CRISE ECONÔMICA

Matéria assinada pelo jornalista Ricardo Araújo, editor de Economia da Tribuna do Norte, mostra que ao longo de quatro anos, a movimentação de passageiros e aeronaves no Aeroporto Internacional Gov. Aluízio Alves diminuiu. Os números, obtidos pelo jornal a partir de um processo de raspagem de dados no portal da Inframérica, administradora do terminal aeroviário, apontam queda de 16,85% no pouso e decolagem de aviões e 5,99% no volume de passageiros transportados, em escala ou conexão no aeroporto. Os dados são referentes aos anos de 2014 a 2018 e apontam, ainda, ampliação no quantitativo de cargas despachadas no sítio aeroviário para destinos nacionais e, principalmente internacionais, em 41,52% no mesmo período.

Conforme tabulado pela reportagem no dia 21 de março passado, a movimentação de aeronaves caiu de 22.625 ao longo de 2015 para 18.812 no ano passado. No período, 3.813 aviões deixaram de passar pelo terminal aeroviário, perfazendo redução de 16,85%. Esse percentual inclui aeronaves que operam voos domésticos e internacionais. Em relação ao número de passageiros, a queda na movimentação no período, 2015 a 2018, foi de 154.966 entre domésticos e internacionais. Foram 2.584.355 passageiros transportados em 2015 contra 2.429.389 no ano passado. A Inframerica refuta que o Aeroporto Int. Gov. Aluízio Alves seja subutilizado e diz que a crise financeira nacional impactou todo o setor aéreo nacional.

“Cumpre ressaltar que a decisão com relação à implementação de voos no Aeroporto é das empresas aéreas. Cabe ao Aeroporto disponibilizar capacidade e qualidade de infraestrutura, o que é plenamente atendido pela Inframerica. A crise econômica que afetou o Brasil impôs resultados negativos ao setor aéreo nacional que perdeu mais de sete milhões de passageiros só no ano de 2016. A perda do poder aquisitivo da população e o aumento dos custos operacionais para gestão da infraestrutura resultaram na retração do setor que iniciou em 2015 e perdurou até meados de 2018. Desde então, nota-se um leve crescimento”, destaca a Inframerica.

Desde que foi inaugurado, em junho de 2014, o terminal aeroviário não se aproximou da capacidade de movimentação de passageiros estimada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e publicada pela TRIBUNA DO NORTE em reportagem datada de 16 de outubro de 2011. Na ocasião, a Anac informou que o aeroporto teria capacidade de transportar 5,8 milhões de passageiros e, de 2014 a 2024, ampliaria essa monta para 11,4 milhões de passageiros por ano, incremento de 96,5%. Os altos custos das passagens aéreas são apontados como os principais vilões nessa história. Nem mesmo a redução da alíquota do ICMS incidente sobre o querosene de aviação de 17% para 12%, assinada em 2015, pelo então governador Robinson Faria, ampliou a presença de turistas no Estado nos anos seguintes.

Insegurança e problemas na pista

A recessão na economia nacional, a crise na segurança pública estadual que expôs o Rio Grande do Norte negativamente ao mundo com as rebeliões no Complexo Prisional de Alcaçuz, morte de 26 presos e uma série de ataques ao comércio, além dos problemas na pista de pousos e decolagens do Aeroporto Int. Gov. Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante ampliaram o problema no ano de 2017. Segundo a gestão estadual à época, o ano em destaque seria de consolidação da atividade turística no Estado.

Dados do Anuário Estatístico de Turismo 2018 – Ano Base 2017 do Ministério do Turismo publicado em julho do ano passado mostram redução de 9,39% na movimentação de turistas no Estado em comparação com 2016. Ao longo de 2017 foram registradas 26.598 entradas de visitantes nacionais e estrangeiros no Estado, segundo o Anuário. Esse número é 30,03% menor que o registrado em 2014, quando Natal sediou quatro jogos da Copa do Mundo. Ele é, inclusive, inferior em 25,88% ao período pré-Mundial, que foi o ano de 2013, quando o Estado recebeu 35.888 turistas oriundos de todas as partes do Brasil e do mundo.

Na nota, a Inframerica destaca que “o Aeroporto de Natal não é subutilizado. É uma das portas de entrada de Natal. São mais de 2 milhões de passageiros ao ano.  (…) Não há uma queda na utilização do Terminal” e, “hoje a movimentação está estável, crescendo lentamente, devido à crise econômica”. A administradora do Aeroporto declara, ainda, que “as companhias aéreas também estão muito conservadoras nestes anos de crise. Com o dólar alto, as operações aéreas tendem a reduzir. Além do combustível, o leasing dos aviões é calculado em dólar, e, com uma economia estagnada, não há investimento”.

A Inframerica ressalta que a redução do número de turistas que escolhem o Rio Grande do Norte como destino impacta diretamente nas operações do sítio aeroviário. “Leiloado em 2011, o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante foi o projeto-piloto das privatizações do setor aeroportuário do Brasil. Localizado em uma região de forte atração turística, tinha um grande potencial de expansão. Com o agravamento da crise econômica, que vem se arrastando desde 2015, o Rio Grande do Norte, por possuir essa forte característica, vem perdendo justamente seu público alvo, os turistas, o que afeta diretamente o Aeroporto de Natal”, frisa a operadora.

A Inframerica investiu, segundo informa em nota, R$ 650 milhões no Aeroporto Int. Gov. Aluízio Alves.

Cargas

Diferente da movimentação de aeronaves e passageiros, o transporte de cargas no período em análise cresceu 41,52%. Foram transportadas, em 2015, cerca de 10,8 mil toneladas. Em 2018, esse número subiu para 15,4 mil toneladas.

“Apesar do ambiente macroeconômico nacional, o movimento de cargas no Aeroporto de Natal cresceu e atingiu a marca de maior exportador aéreo de mercadorias da região, ultrapassando outros aeroportos nordestinos que até 2014 ocupavam o topo da lista”, enaltece a Inframerica.

A empresa explica, ainda, que “a marca foi alcançada graças ao investimento da Inframerica em infraestrutura, tecnologia e pessoal. As características positivas do Terminal garantiram a conquista de novas rotas regulares, como o cargueiro Boeing 777 da Lufthansa Cargo, que leva semanalmente cerca de 80 toneladas de frutas para a Europa”.

Movimentação em números
Operação de aeronaves
2015: 22.625
2018: 18.812
Variação:  -3.813
Queda: 16,85%

Operação de passageiros
2015: 2.584.355
2018: 2.429.389
Variação: -154.966
Queda: 5,99%

Cargas transportadas
2015: 10.895.847 quilos
2018: 15.420.366 quilos
Variação: +4.254.519 quilos
Elevação: 41,52%Fonte: Dados Operacionais do Aerporto de Natal (www.natal.aero/br/) acessado em 21 de março de 2019

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

Comente aqui