Matéria assinada pelo jornalista Ricardo Araújo, editor de Economia da Tribuna do Norte, mostra que ao longo de quatro anos, a movimentação de passageiros e aeronaves no Aeroporto Internacional Gov. Aluízio Alves diminuiu. Os números, obtidos pelo jornal a partir de um processo de raspagem de dados no portal da Inframérica, administradora do terminal aeroviário, apontam queda de 16,85% no pouso e decolagem de aviões e 5,99% no volume de passageiros transportados, em escala ou conexão no aeroporto. Os dados são referentes aos anos de 2014 a 2018 e apontam, ainda, ampliação no quantitativo de cargas despachadas no sítio aeroviário para destinos nacionais e, principalmente internacionais, em 41,52% no mesmo período.
“Cumpre ressaltar que a decisão com relação à implementação de voos no Aeroporto é das empresas aéreas. Cabe ao Aeroporto disponibilizar capacidade e qualidade de infraestrutura, o que é plenamente atendido pela Inframerica. A crise econômica que afetou o Brasil impôs resultados negativos ao setor aéreo nacional que perdeu mais de sete milhões de passageiros só no ano de 2016. A perda do poder aquisitivo da população e o aumento dos custos operacionais para gestão da infraestrutura resultaram na retração do setor que iniciou em 2015 e perdurou até meados de 2018. Desde então, nota-se um leve crescimento”, destaca a Inframerica.
Desde que foi inaugurado, em junho de 2014, o terminal aeroviário não se aproximou da capacidade de movimentação de passageiros estimada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e publicada pela TRIBUNA DO NORTE em reportagem datada de 16 de outubro de 2011. Na ocasião, a Anac informou que o aeroporto teria capacidade de transportar 5,8 milhões de passageiros e, de 2014 a 2024, ampliaria essa monta para 11,4 milhões de passageiros por ano, incremento de 96,5%. Os altos custos das passagens aéreas são apontados como os principais vilões nessa história. Nem mesmo a redução da alíquota do ICMS incidente sobre o querosene de aviação de 17% para 12%, assinada em 2015, pelo então governador Robinson Faria, ampliou a presença de turistas no Estado nos anos seguintes.
Insegurança e problemas na pista
A recessão na economia nacional, a crise na segurança pública estadual que expôs o Rio Grande do Norte negativamente ao mundo com as rebeliões no Complexo Prisional de Alcaçuz, morte de 26 presos e uma série de ataques ao comércio, além dos problemas na pista de pousos e decolagens do Aeroporto Int. Gov. Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante ampliaram o problema no ano de 2017. Segundo a gestão estadual à época, o ano em destaque seria de consolidação da atividade turística no Estado.
Dados do Anuário Estatístico de Turismo 2018 – Ano Base 2017 do Ministério do Turismo publicado em julho do ano passado mostram redução de 9,39% na movimentação de turistas no Estado em comparação com 2016. Ao longo de 2017 foram registradas 26.598 entradas de visitantes nacionais e estrangeiros no Estado, segundo o Anuário. Esse número é 30,03% menor que o registrado em 2014, quando Natal sediou quatro jogos da Copa do Mundo. Ele é, inclusive, inferior em 25,88% ao período pré-Mundial, que foi o ano de 2013, quando o Estado recebeu 35.888 turistas oriundos de todas as partes do Brasil e do mundo.
Na nota, a Inframerica destaca que “o Aeroporto de Natal não é subutilizado. É uma das portas de entrada de Natal. São mais de 2 milhões de passageiros ao ano. (…) Não há uma queda na utilização do Terminal” e, “hoje a movimentação está estável, crescendo lentamente, devido à crise econômica”. A administradora do Aeroporto declara, ainda, que “as companhias aéreas também estão muito conservadoras nestes anos de crise. Com o dólar alto, as operações aéreas tendem a reduzir. Além do combustível, o leasing dos aviões é calculado em dólar, e, com uma economia estagnada, não há investimento”.
A Inframerica ressalta que a redução do número de turistas que escolhem o Rio Grande do Norte como destino impacta diretamente nas operações do sítio aeroviário. “Leiloado em 2011, o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante foi o projeto-piloto das privatizações do setor aeroportuário do Brasil. Localizado em uma região de forte atração turística, tinha um grande potencial de expansão. Com o agravamento da crise econômica, que vem se arrastando desde 2015, o Rio Grande do Norte, por possuir essa forte característica, vem perdendo justamente seu público alvo, os turistas, o que afeta diretamente o Aeroporto de Natal”, frisa a operadora.
A Inframerica investiu, segundo informa em nota, R$ 650 milhões no Aeroporto Int. Gov. Aluízio Alves.
Cargas
Diferente da movimentação de aeronaves e passageiros, o transporte de cargas no período em análise cresceu 41,52%. Foram transportadas, em 2015, cerca de 10,8 mil toneladas. Em 2018, esse número subiu para 15,4 mil toneladas.
“Apesar do ambiente macroeconômico nacional, o movimento de cargas no Aeroporto de Natal cresceu e atingiu a marca de maior exportador aéreo de mercadorias da região, ultrapassando outros aeroportos nordestinos que até 2014 ocupavam o topo da lista”, enaltece a Inframerica.
A empresa explica, ainda, que “a marca foi alcançada graças ao investimento da Inframerica em infraestrutura, tecnologia e pessoal. As características positivas do Terminal garantiram a conquista de novas rotas regulares, como o cargueiro Boeing 777 da Lufthansa Cargo, que leva semanalmente cerca de 80 toneladas de frutas para a Europa”.
Movimentação em números
Operação de aeronaves
2015: 22.625
2018: 18.812
Variação: -3.813
Queda: 16,85%
Operação de passageiros
2015: 2.584.355
2018: 2.429.389
Variação: -154.966
Queda: 5,99%
2015: 10.895.847 quilos
2018: 15.420.366 quilos
Variação: +4.254.519 quilos
Elevação: 41,52%Fonte: Dados Operacionais do Aerporto de Natal (www.natal.aero/br/) acessado em 21 de março de 2019