
Em julho de 2025, Natal foi a 9ª cidade com maior rentabilidade do aluguel no Brasil (7,59% ao ano), destacando-se como um mercado de alto retorno financeiro para quem investe em imóveis para alugar. Esse número supera a média nacional (5,93%). No Nordeste, a capital potiguar fica em 3º lugar, atrás de Recife (8,36%) e São Luís (7,72%). Os dados são do Índice FipeZAP de Locação Residencial, indicador que analisou o mercado imobiliário em 36 cidades brasileiras.
“A rentabilidade do aluguel é um comparativo entre o custo de aquisição do imóvel e o que ele pode render mensalmente. A pesquisa monitora o preço de compra e venda do imóvel com o preço de aluguel que ele está sendo ofertado no mercado. É como se você tivesse um valor numa aplicação financeira e visse o quanto ela rende por mês. Só que no lugar do dinheiro, é o imóvel”, explica Renato Gomes Netto, presidente do Secovi-RN (Sindicato de Habitação do Rio Grande do Norte).
O índice pode servir de guia para que aqueles que desejam investir em imóveis tenham uma noção de quanto retorno terão. Assim, o potencial investidor pode decidir se o negócio vale ou não a pena.
A principal razão para a capital potiguar apresentar um bom desempenho, segundo Gomes Netto, é um desequilíbrio no mercado: a procura por imóveis para alugar é muito maior que a oferta disponível. “A cidade tem uma carência de determinados imóveis e passa muito tempo sem ter novas construções, principalmente de apartamentos”, diz ele.
A demanda de apartamentos com três quartos em bairros como Tirol, Petrópolis e Lagoa Nova, por exemplo, é muito superior à oferta. “Quando um apartamento desses desocupa, tem fila de gente querendo alugar. Com menos oferta e maior procura, o valor do aluguel sobe”.
Esse cenário é potencializado pelo setor turístico da cidade, que impulsiona a demanda por aluguel de curto prazo, especialmente em áreas como Ponta Negra, conhecida por sua infraestrutura completa e pela praia, e que atrai uma alta rotatividade de visitantes ao longo do ano.
Em julho de 2025, o preço médio do metro quadrado para locação em Natal foi de R$ 39,24/m², superando capitais como Fortaleza (CE) e Aracaju (SE). A valorização segue em ritmo constante: no acumulado do ano, até julho de 2025, a alta foi de 6,40%, e nos últimos 12 meses, de 10,73%.
No mesmo mês, os preços de locação residencial em Natal tiveram um aumento de 0,45%. O valor é idêntico à média nacional registrada pelo Índice FipeZAP no mesmo período, que também foi de 0,45%.
Investimento a longo prazo
Para quem investe, no entanto, a conta vai além do rendimento mensal. Renato Gomes destaca que o investidor experiente analisa o cenário a longo prazo, considerando dois fatores principais.
“Quem adquire imóvel para ter renda de locação não pensa mês a mês, pensa por período, porque o aluguel fica fixo por 12 meses. O que vale é a rentabilidade acumulada”, explica. “Além disso, ele também leva em consideração um dado que a pesquisa não traz, mas que usamos muito: a valorização do próprio imóvel. Esses são os gatilhos para se investir.”
Além da rentabilidade atual, um aspecto torna 2025 um ano estratégico para a compra de imóveis em Natal: a reforma tributária, que está na fase de regulamentação. Gomes Netto pontua que as novas regras, previstas para entrar em vigor em 2026, devem impactar os custos da construção civil.
Reforma tributária em 2026
“Acreditamos que, com a reforma, o preço dos imóveis em Natal, principalmente os que vão ser lançados, deve subir entre 15% e 18%”, projeta o especialista. Esse aumento no valor de compra pode gerar um efeito em cascata. “A pessoa que adquiriu o imóvel mais caro para alugar vai repassar esse aumento para o valor do aluguel. É uma cadeia sucessiva”, pontua.
Por isso, o momento atual é visto como uma janela de oportunidade. Os preços de venda em Natal ainda são considerados atrativos em comparação com outras capitais do Nordeste, como Fortaleza e Recife.
“Tenho reforçado que é hora de quem está indeciso sobre comprar um imóvel, seja para morar ou para investir, fazer isso agora, antes do final do ano”, sugere Gomes Netto. “É o momento de se adiantar para não ser impactado pela reforma tributária e pelo encarecimento futuro. O preço ainda não reflete o que virá.”
Antes de a reforma ser regulamentada, no entanto, aumentar o aluguel pode ser considerado um ato abusivo, segundo o advogado tributarista Luiz Bezerra, em entrevista ao Central Agora RN, da TV Agora RN, no último dia 17. Alguns proprietários já têm usado a reforma tributária como justificativa para elevar preços de forma indevida.
“Primeiramente, tem que se obedecer ao contrato. Se o contrato está vigente e tem lá que o aumento deve ser o IPCA, por exemplo, anual, ele deve se manter”, disse Bezerra. O advogado orientou os inquilinos a exigirem o cumprimento dos contratos. Ele ressalta que o aumento sem previsão contratual pode ser considerado abusivo.
