A Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) estuda uma alternativa para permitir a chegada de cruzeiros de maior porte em Natal, uma vez que a maior parte das embarcações desse tipo de viagem não conseguem passar pela ponte Newton Navarro e movimentar o Porto da capital. É o que aponta o ex-presidente da Codern, Nino Ubarana, que saiu da gestão da companhia neste mês após 15 meses no cargo. A informação foi repassada por ele durante entrevista ao Ligado nas Cidades, da Jovem Pan News Natal, nesta sexta-feira (30).
Com a saída de Nino Ubarana da Codern, Paulo Henrique Macedo foi nomeado Presidente interino até a eleição e posse do novo Presidente. Ubarana esclarece que assumiu a Codern em um momento crítico, uma vez que foi preciso reestruturar a entidade e atrair receitas. Entre os principais trabalhos realizados pela entidade, estão a manutenção das relações da Companhia com representantes do segmento portuário e andamento de projetos com foco na infraestrutura. Atualmente, as principais atividades do porto incluem exportação de trigo, frutas e açúcar.
Nino Ubarana destaca que, desde 2009, o porto de Maceió tinha uma dívida superior a R$ 9 milhões junto à Codern que foi paga em abril deste ano. Ele atribui a conquista à boa relação que foi estabelecida pela Companhia com o administrador do equipamento da cidade alagoana e assegura que o valor já está disponível para eventuais investimentos.
Outra demanda alcançada ao longo dos últimos 15 meses foi a inclusão da reforma de galpões, armazéns e instalações de energia fotovoltaica no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Os serviços contemplam cerca de R$ 8,5 milhões já assegurados após articulações com o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Até o fim deste ano, o Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa, também se comprometeu a enviar R$ 10 milhões à Codern para as defensas do cais do Porto de Natal.
Ao ser questionado sobre as barreiras que impedem a ampliação do movimento do Porto de Natal, a exemplo do recebimento de cruzeiros, Nino Ubarana lembrou que o calado aéreo da ponte impede a chegada de cruzeiros de grande porte que superam essa distância. Em outras palavras, a distância vertical entre a parte mais baixa da estrutura da ponte (normalmente o tabuleiro) e a superfície da água ou do solo abaixo dela só permite a chegada de cruzeiros que respeitem uma altura inferior a 55 m. Do contrário, os veículos podem bater na estrutura.
Apesar disso, por volta de 2012/2023, existia uma rota Recife-Fernando de Noronha-Natal que permitia a chegada de cerca de 20 a 30 cruzeiros na capital por estação (outubro a abril). “Essa rota foi finalizada devido a restrição do Instituto Chico Mendes, ligado ao Ministério de Meio Ambiente, em Fernando de Noronha. Eles limitaram até 400 passageiros para descer no arquipélago de Noronha. Mas essa diretoria está trabalhando em uma medida alternativa, algo de médio a longo prazo, para que esses grandes cruzeiros que não passam pela ponte [Newton Navarro] possam ficar fundeados próximo ao Forte dos Reis Magos”, completou.
Ele observa, contudo, que trata-se de um projeto que exige a efetivação de mais uma dragagem e que deve ser levado à frente na nova gestão. O processo consiste na limpeza, desobstrução, remoção, ou escavação de material do fundo de rios, lagos, mares, baías e canais para aprofundar portos e vias navegáveis. Ao todo, segundo o estudo batimétrico feito pela Codern, seria necessário dragar aproximadamente 2 milhões de metros cúbicos.
Tribuna do Norte