Em audiência pública, proposta pelo vereador Júlio Protásio (PDT), vereadores, sindicalistas, profissionais da saúde e representantes da prefeitura de Natal, Ministério Público e da empresa CKM, debateram os rumos do concurso público para preenchimento de vagas na área da saúde, realizado em junho passado, mas suspenso por suspeitas de irregularidades. Na ocasião, foi levantada a possibilidade de anulação do certame e devolução do dinheiro pago pelos candidatos no ato da inscrição, bem como realização de novo concurso.
A Secretária Municipal de Administração, Jandira Borges, explicou que a comissão de acompanhamento do concurso, criada no âmbito da pasta, está apurando o ocorrido através de um processo administrativo que deve ser concluído até o dia 28 de agosto. A partir daí, serão anunciados os encaminhamentos, inclusive se o certame será anulado. “Há tendência de anulação em função de várias irregularidades postas. Foi um certame que ficou fragilizado e já estamos analisando outras bancas para realizar novo concurso, caso seja essa a definição ao final do processo, mas não acredito que ocorra ainda neste ano”, declarou.
O concurso foi realizado no dia 19 de junho passado e no mesmo dia começaram a surgir denúncias de falta de fiscalização, provas insuficientes e até vazamento de provas. A realizadora do concurso reconheceu erros e suspendeu as provas para os cargos para de Fisioterapia e Médico Mastologista. Na audiência realizada hoje (3), o porta-voz da empresa, advogado Evander Ferreira, defendeu que não há necessidade de anular todo o concurso, uma vez que para os casos mais graves já foram anuladas as provas. “Houve irregularidades pontuais e a empresa assumiu a responsabilidade sem qualquer ônus para o município. As condições de tempo que foram dadas a empresa ocasionaram alguns problemas”, argumentou.
A presidente do Sindicato dos Servidores (Sinsenat), Soraya Godeiro, cobrou uma definição do município e disse que todas as possibilidades de anulação precisam ser investigadas, inclusive se foi proposital toda a confusão para retardar o concurso. O Ministério Público Estadual já havia instaurado um procedimento para apurar denúncias e compareceu à audiência representado por três promotoras. Elas revelaram que o certame estava comprometido desde o início. “Já estava maculado por não haver a exigência de provas de títulos. Para mudar isso, a oportunidade é agora, tendo que emendar a lei que definiu o concurso na Câmara Municipal”, declarou a promotora da Cidadania, Moema Andrade.
Para o vereador Júlio Protásio, o Executivo precisa superar a crise provocada pelas falhas no concurso. “A Câmara debateu exaustivamente com representantes de outros segmentos a lei que autorizava o concurso até ser aprovada. Agora a prefeitura precisa tomar um posicionamento porque quem mais precisa disso é a população uma vez que não existe um bairro na cidade onde a unidade de saúde não tenha deficiência de profissionais”, disse o vereador.