“Ao completarmos um ano de pandemia, enfrentamos hoje um dos momentos mais críticos ao longo dessa trajetória”. A fala do Secretário de Saúde Cipriano Maia ao abrir a coletiva de imprensa reflete a situação atual de enfrentamento ao combate ao coronavírus. Como pontos importantes para o estudo deste cenário, o Comitê Científico da Sesap apresentou, nessa sexta-feira (12), o resultado do Inquérito Sorológico, pesquisa feita em oito municípios no intuito de mapear o comportamento da pandemia no estado do Rio Grande do Norte.
O Inquérito Sorológico teve como finalidade mapear o comportamento da Covid-19 em todas as regiões do Estado do Rio Grande do Norte.
A Secretaria de Estado de Saúde Pública, em parceria com o Instituto Amostragem do estado do Piauí, elaborou entrevistas e realizou exames (testes Covid) em oito municípios do Estado: Pau dos Ferros, Mossoró, Assu, Natal, João Câmara, São José do Mipibu, Santa Cruz e Caicó. Para cada município, vinte entrevistadores e pesquisadores fizeram a aplicação de um questionário com perguntas referentes a sintomas, estado de saúde, idade, comorbidades, entre outras questões importantes para embasar a pesquisa.
Ao todo foram 160 pesquisadores em campo. Em cada município, cerca de 2.500 pessoas foram testadas e entrevistadas. No total, 20.234 pessoas no estado fizeram parte do estudo. A coleta de dados foi feita ao longo do mês de janeiro de 2021.
Resultados
Os resultados apontam que 6,5% da população investigada apresentou anticorpos para a covid-19. As maiores prevalências foram em Caicó (12,3%) e Pau dos Ferros (12,7%), e a menor em São José de Mipibu (5,3%). Em termos proporcionais, isso indica que quase 230 mil pessoas no Rio Grande do Norte tiveram contato com o SARS-CoV-2 e produziram anticorpos detectáveis. Nessa projeção, estão inseridas aquelas pessoas que tiveram contato com a doença e não souberam.
As maiores prevalências aparecem nos grupos etários acima de 45 anos e chama a atenção, contudo, a prevalência também alta no grupo de até 9 anos de idade. “Essa foi uma das surpresas da pesquisa”, aponta o pesquisador Ângelo Roncalli. Entre a menor prevalência (4,5% entre 18 e 24 anos) e a maior (8,1% em 70 anos e mais), a diferença é significativa.
Com relação ao sexo, as prevalências são praticamente iguais. Em relação à raça/cor autorreferida, a prevalência é maior em negros (6,9%) em comparação com brancos (5,6%). A categoria “negros” foi formada pelo agrupamento dos que referiram raça/cor preta ou parda. A prevalência é maior nos que relataram contatos, tanto com suspeitos quanto com confirmados.
Outro ponto importante da pesquisa é a prevalência entre os que não adotaram o distanciamento social (12,7%), significativamente maior em comparação aos que adotaram total ou parcialmente (7,2%). “Esse dado aponta para a importância e eficácia do distanciamento social”, afirma Roncalli.
O inquérito tem o apoio do Comitê Científico instaurado desde o início da pandemia com pesquisadores da UFRN e do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para que a pesquisa pudesse acontecer, a Sesap forneceu 25 mil kits de testes da marca WONDFO SARS-CoV-2 Antibody Test, além dos equipamentos de proteção individual (EPIS).
Nessa sexta-feira (12), um ano após o primeiro caso no estado, o RN somou o total de 179.824 pessoas que já se contaminaram pela covid-19. Desse quantitativo, 3.857 perderam a batalha e faleceram. De ontem para hoje, foram 28 novos óbitos confirmados. Há ainda outros 832 em investigação para constatar se a causa tem relação ou não com o coronavírus.