O luto é um processo natural de resposta a uma quebra de vínculos significativos e vivê-lo é importante para ajudar na elaboração das perdas. Porém, no contexto da pandemia da covid-19, foram impostas restrições aos rituais de despedida. Diante disso, o cemitério e crematório Morada da Paz, em Natal, passa a realizar rituais póstumos para que os familiares possam se despedir dos entes queridos que faleceram no período da pandemia.
Como explicou a empresa, a celebração pode ser realizada no jazigo de cada falecido, para até 10 pessoas, respeitando os protocolos de higienização e distanciamento. Ela é voltada para pessoas que, devido à pandemia, não tiveram a oportunidade de realizar velórios de seus entes queridos ou qualquer ritual de despedida, como missas e cultos.
De acordo com o coordenador de cemitérios do Grupo Vila, Renato Campos, cerca de 500 famílias não tiveram velório desde o início da pandemia. “Esse número representa aproximadamente 30% dos velórios presenciais que deveríamos ter feito, caso não estivéssemos nessa crise. Além disso, 700 velórios foram realizados na modalidade virtual, criada pelo Grupo Vila”, explica.
Mesmo com os rituais póstumos se tornando uma opção, os velórios virtuais e a plataforma de homenagens Morada da Memória seguem disponíveis para os clientes do Morada da Paz.
Para a psicóloga do luto Beatriz Mendes, é compreensível que os rituais de despedida sejam necessários. “Esses rituais apresentam fatores que podem contribuir para uma vivência salutar do processo de luto. Na formatação convencional, o ritual fúnebre é um momento que demarca a finalização de um ciclo e auxilia os que ficam na constatação da realidade da perda. Isso ajuda o enlutado a compreender e aceitar que a morte aconteceu”, explica.
Com urnas fechadas e impossibilidade de velórios longos, o sentimento de negação pode vir à tona e, por isso, é importante para os enlutados conseguirem construir uma despedida pautada em suas crenças, que honre a vida do ente querido que partiu.
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