21 de abril de 2025 às 07:45
21 de abril de 2025 às 07:14
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O Papa Francisco faleceu aos 88 anos na madrugada desta segunda-feira (21 de abril). E, nesse Domingo de Páscoa (20), o Pontífice celebrou com os fiéis na praça de São Pedro, em Roma – o que foi uma espécie de ‘despedida’.
No dia em que a Igreja Católica celebrou a ressurreição de Cristo, Francisco publicou em suas redes sociais registros de sua última aparição, e afirmou: “Na maravilha da fé pascal, trazendo no coração todas as expectativas de paz e libertação, podemos dizer: Convosco, Senhor, tudo é novo. Convosco, tudo recomeça”.
Em sua última homília, Francisco ressaltou que no anúncio da Páscoa “encerra-se todo o sentido da nossa existência, que não foi feita para a morte, mas para a vida. A Páscoa é a festa da vida! Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja”. O pontífice também pediu orações pela paz nas regiões que estão enfrentando guerras atualmente.
“Este anúncio de esperança ressoa hoje ainda mais forte enquanto vemos todos os dias os inúmeros conflitos que ocorrem em diferentes partes do mundo. Quanta violência vemos com frequência também nas famílias, dirigida contra as mulheres ou as crianças.
Neste dia, gostaria que voltássemos a ter esperança e confiança nos outros e a ter esperança de que a paz é possível.
Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento. Estas são as ‘armas’ da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte”.
Ao final, o Papa concedeu a bênção apostólica e saudou os fiéis do papamóvel.
21 de abril de 2025 às 07:40
21 de abril de 2025 às 07:40
FOTO: AFP
Líderes mundiais se pronunciaram, e lamentaram a morte do papa Francisco, aos 88 anos, em Roma, Itália. A morte do pontífice foi anunciada na manhã desta segunda-feira (21/4) pelo Vaticano.
O presidente francês, Emmanuel Macron, em sua conta no X, lamentou a morte de Francisco, relembrando sua trajetória.
“De Buenos Aires a Roma, o Papa Francisco quis que a Igreja levasse alegria e esperança aos mais pobres. Que ela una as pessoas entre si e com a natureza. Que essa esperança renasça continuamente além dele. Minha esposa e eu enviamos nossos pensamentos a todos os católicos e ao mundo enlutado”, escreveu Macron.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também se pronunciou nas redes sociais.
“O Papa Francisco retornou à casa do Pai. Esta notícia nos entristece profundamente, pois um grande homem e um grande pastor nos deixou. Tive o privilégio de desfrutar de sua amizade, seus conselhos e seus ensinamentos, que nunca falharam, mesmo nos momentos de provação e sofrimento. Nas meditações da Via Sacra, ele nos lembrou o poder do dom, que faz tudo florescer novamente e é capaz de reconciliar o que aos olhos do homem é irreconciliável. E pediu ao mundo, mais uma vez, a coragem de mudar de direção, de seguir um caminho que ‘não destrói, mas cultiva, repara, protege’. Caminharemos nessa direção, para buscar o caminho da paz, perseguir o bem comum e construir uma sociedade mais justa e equitativa. Seu ensinamento e seu legado não se perderão. Saudamos o Santo Padre com o coração cheio de tristeza, mas sabemos que ele agora está na paz do Senhor”, escreveu Giorgia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também usou as redes sociais para lamentar a morte do papa.
“Hoje, o mundo lamenta o falecimento do Papa Francisco. Ele inspirou milhões, muito além da Igreja Católica, com sua humildade e amor tão puros pelos menos afortunados. Meus pensamentos estão com todos que sentem esta profunda perda. Que encontrem consolo na ideia de que o legado do Papa Francisco continuará a nos guiar rumo a um mundo mais justo, pacífico e compassivo, escreveu Ursula.
O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D.Vance, que foi o útimo encontro profissional do cardeal, nesse domingo (20/4), comentou a triteza da perda de Francisco.
“Acabei de saber do falecimento do Papa Francisco. Meu coração está com os milhões de cristãos em todo o mundo que o amavam. Fiquei feliz em vê-lo ontem, embora ele estivesse obviamente muito doente. Mas sempre me lembrarei dele pela homilia abaixo, que ele proferiu nos primeiros dias da Covid. Foi realmente muito bonita. Que Deus o tenha em paz”, escreveu Vance.
O primeiro-ministro da Inglaterra, Keir Starmer, afirmou estar “profundamente triste ao saber da morte de Sua Santidade o Papa Francisco. Seus esforços incansáveis para promover um mundo mais justo para todos deixarão um legado duradouro. Em nome do povo do Reino Unido, compartilho minhas mais sinceras condolências a toda a Igreja Católica”.
“Eu me junto a milhões de pessoas em todo o mundo no luto pela morte do Santíssimo Papa Francisco. Sua liderança em um momento complexo e desafiador do mundo e da Igreja sem teve coragem e, mesmo assim, sem veio de um lugar de profunda humildade. Papa Francisco foi um papa para os pobres e os esquecidos. Ele viveu perto da realidade humana, da fragilidade, conhecendo cristãos por todo o mundo que encaram guerras, fome, perseguição e pobreza. E, mesmo assim, ele nunca perdeu a fé absoluta em um mundo melhor”, escreveu Starmer.
Em uma publicação no X, o primeiro-ministro da Holanda, Dick Schoof, classificou Francisco como um “homem do povo”. Ele ainda reconheceu o trabalho do papa em “questões candentes da nossa época”.
“O Papa Francisco foi, em todos os sentidos, um homem do povo. A comunidade católica global se despede de um líder que reconheceu as questões candentes da nossa época e chamou a atenção para elas. Com seu estilo de vida sóbrio, atos de serviço e compaixão, o Papa Francisco foi um modelo para muitos – católicos e não católicos. Lembramo-nos dele com grande respeito”, declarou Schoof.
O presidente da Lituânia, Gitanas Nausèda, lamentou a partida do líder da Igreja Católica, e disse que o mundo perdeu um “amigo sábio e próximo”.
“Seus ensinamentos sobre fraternidade e amizade social são extremamente importantes para nós agora, quando as forças do mal, por meio de guerras e agressões, estão destruindo a esperança de coexistência pacífica e tentando apagar dos corações das pessoas a perspectiva de um mundo justo e harmonioso”, disse o líder da Lituânia.
Da Polônia, o presidente do país, Andrzej Duda, disse que o papa Francisco guiou os anos de sua liderança na Igreja Católica pela “humanidade e modéstia”.
“O Papa Francisco faleceu hoje e foi para a Casa do Pai. Em seu ministério pastoral ele foi guiado pela humildade e modéstia. Ele escolheu como lema papal as palavras de seu lema episcopal: “Miserando atque eligendo” (“Ele olhou com misericórdia e escolheu”). Ele foi um grande apóstolo da Misericórdia, na qual viu a resposta para os desafios do mundo moderno”, escreveu o presidente polonês nas redes sociais.
Já o premiê da República Tcheca, Petr Fiala, descreveu o líder católico como uma pessoa que “buscou transformar a igreja”.
“Ele era um homem de fé profunda que buscou transformar a igreja para que ela pudesse cumprir melhor sua missão na sociedade contemporânea. Ele demonstrou grande preocupação por aqueles que sofriam alguma injustiça e irradiava humanidade e humildade. Lembro-me do encontro pessoal com gratidão. Que ele descanse em paz!”, disse Fiala.
21 de abril de 2025 às 07:30
21 de abril de 2025 às 07:13
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O Papa Francisco, que morreu aos 88 anos na madrugada desta segunda-feira (21 de abril), completou 12 anos de pontificado no dia 13 de março de 2025. Das reformas à diplomacia, passando pelo combate à pedofilia, confira as suas grandes linhas de atuação como líder da Igreja Católica.
Reformas
Francisco trabalhou para implementar uma reforma de longo alcance da Cúria romana – o governo central da Santa Sé – para torná-la mais atenta às igrejas locais. O pontífice argentino queria descentralizar a instância e dar mais espaço aos laicos e às mulheres.
Essas reformas, por vezes criticadas internamente, materializaram-se com a entrada em vigor, em 2022, de uma nova Constituição, que reorganiza os departamentos (ministérios) e prioriza a evangelização.
Francisco também renovou o obscuro e escandaloso setor financeiro do Vaticano, criando em 2014 um Secretariado de Economia, além de implementar uma estrutura de investimento e medidas anticorrupção. Ele também ordenou o reajuste do Banco do Vaticano, com o fechamento de 5.000 contas.
Essas mudanças foram afetadas pela pandemia de covid-19 e pelo choque do caso Becciu, um proeminente cardeal italiano julgado por uma aquisição imobiliária sem transparência por parte da Santa Sé.
Combate à pedofilia
A multiplicação dos escândalos sexuais na Igreja, da Irlanda à Alemanha, passando pelos Estados Unidos, tem sido um dos desafios mais dolorosos para o papa argentino.
Após os fracassos de uma comissão internacional de especialistas criada em 2014 e uma controversa viagem ao Chile em 2018 que terminou em uma série de notórias renúncias e exclusões, Francisco se desculpou publicamente por ter defendido um bispo de maneira equivocada. Ele também multiplicou suas desculpas às vítimas.
Em 2019, expulsou o cardeal americano Theodore McCarrick, condenado por agressões sexuais a menores. Este foi um gesto forte em sua promessa de “tolerância zero” contra esse tipo de ação. O pontífice também criou uma comissão consultiva para a proteção de menores, que acabou sendo integrada à cúria. Uma cúpula inédita no Vaticano sobre a proteção de menores em 2019 deu origem a uma série de medidas: supressão do segredo pontifício sobre crimes de abuso sexual por parte do clero, obrigação dos religiosos de denunciar qualquer caso à sua hierarquia, plataformas de ouvidoria em dioceses ao redor do mundo… Mas o segredo da confissão permanece inabalável.
Diplomacia e “periferias”
Em suas 40 viagens ao exterior, Jorge Bergoglio quis dar mais importância às “periferias” e preferiu os países marginalizados do leste europeu ou da África, aos redutos católicos ocidentais.
O papa defendeu o multilateralismo e denunciou implacavelmente o comércio de armas Também optou pelo diálogo com todas as religiões, especialmente com o Islã, como demonstrado em uma visita histórica ao Iraque em 2021.
Durante seu pontificado, ele também chegou a um acordo inédito com o regime comunista de Pequim, em 2018, sobre a espinhosa questão da nomeação de bispos na China. A diplomacia da Santa Sé também colaborou para a histórica aproximação entre Cuba e os Estados Unidos em 2014.
Mas se deparou com o muro da guerra na Ucrânia, onde os inúmeros apelos de paz do papa argentino não surtiram efeito. Este conflito também enterrou a aproximação com o patriarca ortodoxo russo Kirill, base de apoio de Moscou, apesar de um encontro histórico com Francisco em 2016, o primeiro entre os líderes das Igrejas Oriental e Ocidental desde o Cisma de 1054.
Migrações e meio ambiente
Na ilha italiana de Lampedusa, símbolo dos naufrágios de migrantes, ou no acampamento grego de Lesbos, no mar Egeu, o pontífice – ele próprio oriundo de uma família de migrantes italianos que chegaram à Argentina – tem defendido a todo custo as pessoas que fogem da guerra ou da pobreza e pediu um acolhimento sem distinção, sobretudo na Europa.
Com sua encíclica “Laudato Si” (2015), ele pediu uma “revolução verde” e criticou o “uso irresponsável dos bens que Deus colocou” na Terra. Francisco, que apoia o Acordo de Paris, reiterou seu compromisso com a “ecologia integral”.
21 de abril de 2025 às 07:15
21 de abril de 2025 às 07:10
FOTO: EFE
O papa Francisco passou seus últimos dias a serviço da Igreja, participando o máximo que pôde da celebração da Páscoa, o ponto alto do calendário cristão.
O pontífice de 88 anos não liderou os principais serviços da Semana Santa e da Páscoa, mas fez breves aparições no fim de semana, incluindo passar 30 minutos em uma prisão em Roma na quinta-feira (17) e fazer uma visita à Basílica de São Pedro na noite de sábado (19).
E então, na manhã de domingo (20), ele pôde oferecer a bênção “Urbi et Orbi” à “Cidade [de Roma] e ao Mundo”, enquanto um assessor lia seu discurso. Somente o papa pode oferecer essa bênção, que inclui a oferta de uma indulgência, a remissão dos efeitos dos pecados.
Mais tarde, ele saudou a multidão entusiasmada na Praça de São Pedro a partir do papamóvel, a primeira vez que o fez desde sua hospitalização. Ele também se encontrou brevemente com o vice-presidente dos EUA, JD Vance, o último dignitário cívico estrangeiro a se encontrar com o Papa Francisco.
“É bastante extraordinário que, após o ponto mais alto do ano litúrgico da Igreja, no ponto mais alto, o papa então faleça, e isso é, de certa forma, bastante apropriado, porque, claro, a mensagem da Páscoa é sobre a morte e a nova vida”, disse o correspondente da CNN no Vaticano, Christopher Lamb, de Roma.
Os últimos dias de Francisco foram realmente dedicados a servir a Igreja, a continuar seu ministério até o fim. Ele não renunciou, como alguns especularam (que faria). Ele sempre demonstrou sua determinação de ir até o fim, de servir até o último momento.
21 de abril de 2025 às 07:00
21 de abril de 2025 às 07:18
FOTO: AFP
Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires no dia 17 de dezembro de 1936, em uma família de origem italiana. Era o mais velho de cinco filhos e foi criado no bairro portenho de Flores.
Até se tornar pontífice, ele percorreu um longo caminho na Igreja Católica, foi arcebispo na capital argentina e marcou a história do país.
Como seus avôs sempre conversavam no idioma nativo, ele afirma que o piemontês, dialeto italiano, foi sua língua materna. Esse era apenas um dos seus vínculos com a Europa: as notícias da Segunda Guerra Mundial no rádio e a reação dos pais ao escutarem sobre as atrocidades de Adolf Hitler o marcaram quando pequeno.
Mas a infância de Bergoglio, no bairro portenho de Flores, foi profundamente argentina. Todos os domingos, ele ia com toda a família assistir aos jogos do San Lorenzo de Almagro, clube no qual o pai jogava basquete e do qual ele se tornou torcedor apaixonado.
O clube foi fundado por Lorenzo Massa, um padre. Ele também frequentava a missa com a avó Rosa na Basílica de San José de Flores e estudou em algumas escolas católicas. No internato salesiano, aos 12 anos, sentiu pela primeira vez a vocação sacerdotal.
Na autobiografia “Vida – Minha História Através da História”, lançada em abril de 2024, Francisco conta que chegou a conversar com um padre do internato sobre isso e fez algumas perguntas, mas que o desejo permaneceu adormecido, até se manifestar definitivamente nos anos 1950.
Ele conta, inclusive, que chegou a ter uma namorada. Bergoglio a descreve como “uma menina muito doce, que trabalhava no mundo do cinema e que depois casou-se e teve filhos”.
Depois dela, já no seminário, ele teve “uma pequena paixão”. “É normal, ou não seríamos seres humanos”, explicou no livro, relatando que a conheceu no casamento de um tio e ficou encantado.
“Ela virou minha cabeça com sua beleza e inteligência. Por uma semana, fiquei com sua imagem na mente, e foi difícil conseguir rezar! Depois, felizmente, passou e me dediquei de corpo e alma à minha vocação”, relata, qualificando o episódio como uma “provação”.
Na adolescência, Bergoglio se formou em técnico em química pela Escola Técnica Industrial e chegou a fazer estágio em um laboratório de análises químicas.
Mas em 21 de setembro de 1953, quando estava a caminho de um encontro com amigos para um piquenique, sentiu necessidade de entrar na Basílica de Flores, que costumava frequentar.
Durante a confissão, ele conta que “algo estranho aconteceu”, mudando sua vida para sempre: “Eu estava maravilhado por ter encontrado Deus subitamente. Ele estava lá me esperando, antecipou-se a mim”, descreveu em sua autobiografia.
“Mais do que um piquenique com os amigos! Eu estava vivendo o momento mais bonito da minha vida, estava me entregando totalmente nas mãos de Deus!”, detalhou no livro.
Francisco não falou com ninguém da família do chamado ao sacerdócio até pegar seu diploma. Também não contou para os amigos, com os que jogava bilhar, falava de política e dançava tango. Mas em 1955, quando já tinha que escolher faculdade, decidiu conversar com o pai.
Segundo Francisco, ele ficou contente. O temor era contar para a mãe. “Sabia que ela não aceitaria minha escolha, e por isso, inventei que estudaria Medicina”, explicou. Mas um dia, limpando a casa, ela viu seus livros de teologia, e não aceitou bem a revelação.
Apesar do pedido materno para que ele fizesse uma faculdade e depois decidisse, Bergoglio entrou no seminário arquidiocesano aos 19 anos.
Papel na ditadura
Uma das grandes polêmicas que o envolvem se refere justamente ao seu papel na ajuda a perseguidos políticos da ditadura. Ele chegou a ser acusado, na Argentina, de omissão e até colaboração na prisão dos padres jesuítas Orlando Yorio e Francisco Jalic, em 1976.
Em sua autobiografia, o papa diz que a acusação é caluniosa e conta que falou com o ditador Jorge Rafael Videla e Emilio Massera, outro líder da junta militar que governava o país, para interceder pelos jesuítas. Eles acabaram soltos após cinco meses de prisão e torturas.
Ele também relata ter feito contatos para a libertação de outro catequista, e que chegou a ajudar um perseguido parecido com ele a se disfarçar de padre e fugir da Argentina com sua carteira de identidade.
“Arrisquei muito daquela vez porque, se o tivessem descoberto, sem dúvida o teriam assassinado e vindo atrás de mim”, contou.
Ascensão na Igreja
Em 20 de maio de 1992, o papa João Paulo II o nomeou bispo auxiliar de Buenos Aires. Nesse período, intensificou o trabalho pastoral dedicado aos mais pobres.
Foi nomeado cardeal por João Paulo II, em 2001. Ao receber a notícia, convenceu centenas de argentinos a não viajarem para Roma. Em vez de ir ao Vaticano celebrar a nomeação, pediu que dessem o dinheiro da viagem aos pobres.
Também presidente da Conferência Episcopal Argentina entre 2005 e 2011, ele liderou a Igreja Católica do país e virou o principal rosto da oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Bergoglio discursou em manifestações contra o projeto de lei que autorizava o matrimônio igualitário e chegou a enviar uma carta a freiras carmelitas afirmando que a oposição à iniciativa era uma “guerra de Deus”.
Foi escolhido papa em 2013, depois da renúncia do papa emérito Bento XVI, que deixou as funções devido à idade avançada. Sua eleição como líder da Igreja Católica ocorreu em 13 de março de 2013, no segundo dia do conclave.
Naquela votação, quando seu nome atingiu dois terços das preferências e ele foi aplaudido, o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo, se aproximou, deu-lhe um beijo e disse: “Nunca se esqueça dos pobres”.
“Foi ali que escolhi o nome que teria como papa: Francisco”, contou ele em seu livro. A decisão, tomada após as palavras do brasileiro, foi uma homenagem a São Francisco de Assis, conhecido por ter exercido sua vida religiosa na simplicidade e se dedicando aos pobres.
Além de ser escolhido como o primeiro papa sul-americano, Francisco foi o primeiro pontífice não europeu em mais de 1.200 anos, desde o sírio papa Gregório III, que liderou a Igreja Católica entre 731-741.
Hábitos discretos e posicionamentos fortes
O papa Francisco sempre evitava aparições na mídia, utilizava o transporte público e não frequentava restaurantes. Porém, tinha opiniões e algumas atitudes consideradas “extravagantes” para a Igreja Católica.
Como em 2015, quando junto com o grupo de rock progressivo Le Orme, lançou um disco chamado “Wake Up!”.
Em 2019, durante uma visita aos Emirados Árabes Unidos, o papa se encontrou com Ahmed Al-Tayeb, Grande Imã de Al-Azhar, em Abu Dhabi. Eles assinaram o Documento sobre a Fraternidade Humana.
Francisco convidou os seus clérigos e os leigos para que se opusessem ao aborto e à eutanásia.
Trabalhou para restaurar a credibilidade do Vaticano, abalada por escândalos financeiros e denúncias de abusos sexuais.
Em abril de 2014, pediu perdão pelos casos de pedofilia cometidos por sacerdotes da Igreja Católica.
Foi forçado a reduzir o ritmo das viagens internacionais por causa de fortes dores no joelho direito. Para se poupar, passou a cumprir muitos dos compromissos em uma cadeira de rodas.
Papa diplomata
Francisco também tinha um lado diplomata, e usou a influência do Vaticano para tentar ajudar na solução de conflitos.
Mediou, por exemplo, conversas pela reaproximação entre Estados Unidos e Cuba. Também fez dezenas de apelos pelos direitos dos refugiados e criticou os países que fecharam as portas para os imigrantes.
Sempre foi um duro crítico da guerra da Ucrânia e chorou em público ao lembrar dos ucranianos que sofriam com a invasão da Rússia.
E continuou, apesar do agravamento dos problemas de saúde, manifestando preocupação com o bombardeio de civis em Gaza. Mesmo hospitalizado, o Papa continuou fazendo ligações diárias para uma paróquia na região, para acompanhar a situação.
Com o jeito informal nas palavras e nos gestos, cativou milhões de fiéis.
21 de abril de 2025 às 06:22
21 de abril de 2025 às 06:22
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O Papa Francisco morreu aos 88 anos segundo anunciado pelo Vaticano nesta segunda-feira (21). A Igreja comunicou o falecimento em vídeo.
Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu aos 88 anos. As informações foram confirmadas pelo Vaticano. O pontífice ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos.
Nascido em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, na Argentina, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história. Ele também foi o primeiro pontífice da era moderna a assumir o papado após a renúncia do seu antecessor e, ainda, o primeiro jesuíta no posto.
À frente da Igreja Católica por quase 12 anos, Francisco foi o papa número 266. Em 13 de março de 2013, durante o segundo dia do conclave para eleger o substituto de Bento XVI, Bergoglio foi escolhido como o novo líder – inclusive contra a sua própria vontade, segundo ele mesmo admitiu.
18 de abril de 2025 às 15:01
18 de abril de 2025 às 17:41
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Faleceu na manhã desta sexta-feira (18), em sua residência, o ex-vereador da cidade do Natal, Bertone Marinho, aos 41 anos. A notícia pegou de surpresa familiares, amigos e a comunidade política da capital potiguar.
Até o momento, não foram divulgadas informações sobre o velório e o sepultamento.
Bertone Marinho deixa dois filhos um legado de atuação pública e de serviços prestados à cidade.
14 de abril de 2025 às 05:30
14 de abril de 2025 às 05:38
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Morreu, na noite deste domingo (13), o escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, em Lima, no Peru. A notícia foi confirmada por seu filho, Álvaro Vargas Llosa, por meio das redes sociais.
“É com profundo pesar que anunciamos que nosso pai, Mario Vargas Llosa, faleceu hoje em Lima, cercado pacificamente por sua família”, escreveu.
Com sua morte, encerra-se um dos capítulos mais marcantes da literatura latino-americana do século XX — e também um ciclo de intensa participação intelectual, política e cultural.
Nascido em Arequipa, em 1936, Vargas Llosa percorreu uma longa e premiada trajetória, marcada por obras que escancararam as contradições sociais e políticas da América Latina. Foi um dos pilares do “boom” literário do continente ao lado de nomes como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar, Carlos Fuentes e Juan Rulfo.
Seu talento narrativo o transformou em um cronista implacável da realidade peruana e latino-americana. Em romances como A Cidade e os Cachorros, A Festa do Bode e Conversa no Catedral, Vargas Llosa traduziu a complexidade de sociedades dilaceradas entre autoritarismos, desigualdades e sonhos frustrados.
“Os latino-americanos somos sonhadores por natureza e temos dificuldade em separar realidade e ficção”, disse pouco antes de receber o Nobel, em 2010 — uma frase que sintetiza bem seu estilo literário e sua visão de mundo.
Literatura e vida entrelaçadas
Criado entre o Peru e a Bolívia, viveu uma juventude marcada por rigidez familiar e formação militar, antes de se lançar no jornalismo e na literatura. Nos anos 1960, estabeleceu-se em Paris, onde trabalhou como tradutor e correspondente de imprensa. Foi ali que seu nome começou a ecoar com força no cenário internacional.
A vida pessoal de Vargas Llosa sempre esteve sob os holofotes. Casou-se primeiro com sua tia, Julia Urquidi, experiência que mais tarde inspiraria Tia Julia e o Escrevinhador. Posteriormente, manteve um longo casamento com Patricia Llosa, com quem teve três filhos. Já na velhice, ganhou destaque na imprensa ao engatar um romance com a socialite Isabel Preysler, ex-mulher de Julio Iglesias.
Entre prêmios e polêmicas
Com livros traduzidos para mais de 30 idiomas, sua obra conquistou reconhecimento global. Além do Nobel, recebeu os prêmios Cervantes, Príncipe de Astúrias, Rómulo Gallegos e vários outros. Desde 1993, também possuía cidadania espanhola.
No entanto, sua figura pública nunca esteve restrita à literatura. Vargas Llosa sempre foi politicamente ativo — e polêmico. Admirador inicial da Revolução Cubana, rompeu com o regime de Fidel Castro nos anos 1970, após o caso do poeta Heberto Padilla. Em 1990, candidatou-se à presidência do Peru com uma plataforma liberal, mas foi derrotado por Alberto Fujimori.
A partir daí, voltou a se dedicar majoritariamente às letras, ainda que não tenha abandonado as críticas veementes ao populismo, ao autoritarismo de esquerda e à extrema direita. “O populismo é a doença da democracia”, declarou em diversas ocasiões.
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