Vencedora do leilão da marca de chocolates Pan com um lance de R$ 3,1 milhões, a empresa Real Solar Ltda, do ramo de geração de energia, fica sediada em Goianinha, no interior do Rio Grande do Norte, e tem como única sócia uma mulher que foi candidata a vereadora em uma minúscula cidade potiguar e obteve apenas três votos.
Rachel Dias do Couto Lima, de 42 anos, concorreu em Várzea (RN) nas eleições de 2020 pelo Patriotas. No pleito anterior, disputou pelo PEN e não teve um voto sequer. A cidade tem 5,5 mil habitantes e, para se eleger à Câmara Municipal, bastavam pouco mais de cem votos.
Em 2016, Rachel declarou patrimônio de R$ 475 mil, distribuídos em dez lotes na cidade de Lagoinha, um terreno no município de Arez e um carro. Ela passou a ser sócia da Real Solar, em maio de 2016, quando duas empresas italianas deixaram a sociedade, mas declarou não possuir bens quando concorreu novamente na eleição de 2020.
O Metrópoles tentou contato com a Real Solar. Em seu telefone cadastrado na Receita Federal, consta o número de um escritório de contabilidade. Um funcionário afirmou à reportagem que a empresa de Rachel deixou de ser cliente há cinco anos.
No leilão das 37 marcas da Pan, famosa pelos chocolates em formato de cigarrinhos, moedinhas, guarda-chuvas e lápis, a Real Solar usou seu atual nome fantasia, Theobroma, para participar. Rachel, que tem um celular com prefixo de São Paulo, faz mistério sobre o futuro da marca.
Procurada pelo Metrópoles, ela não quis dar entrevista e enviou uma nota em nome da empresa. “Por respeito aos trâmites legais em andamento, não divulgaremos detalhes sobre nossos planos específicos para a marca neste momento. Entendemos o interesse do público e da imprensa, porém, é imperativo aguardar a conclusão de todos os procedimentos legais antes de anunciarmos os próximos passos”, diz.
O leilão da Pan
O arremate da marca Pan pela Real Solar envolve o parcelamento de 75% do valor de R$ 3,1 milhões em 30 anos. O lance vencedor prevê o pagamento à vista de R$ 775 mil.
Na última segunda-feira (18/3), o administrador judicial da Pan, Fabio Rodrigues Garcia, opinou pela homologação do leilão, promovido pela Positivo Leilões. Mesmo falida, a marca havia sido avaliada em R$ 27,5 milhões por um perito indicado pela Justiça.
Não houve propostas nos dois primeiros leilões, que ocorreram nos dias 1º e 16 de fevereiro deste ano. Na terceira e última etapa, foram feitos 25 lances.
Caberá ao juiz Marcello Perino decidir se confirma o resultado do leilão. A fábrica da Pan, que fica em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, foi adquirida pela Cacau Show por R$ 70 milhões, também com parcelamento do valor em 30 anos.
Nos últimos anos, a Pan chegou a abrir até mesmo lojas na capital paulista, mas acabou tendo sua falência decretada neste ano, com dívida de R$ 263 milhões.
Metrópoles