Morreu nesta sexta-feira (29) aos 63 anos Gilberto Dimenstein , jornalista criador do portal Catraca Livre, ex-comentarista da Rádio CBN e colunista da Folha de S. Paulo por 28 anos. Dimenstein foi vítima de um câncer originado no pâncreas, com metástase no fígado.
O idealizador do portal Catraca Livre foi diagnosticado com o câncer em 2019.
Deixa sua esposa Anna Penido , também jornalista, com quem viveu junto por vinte anos, seus dois filhos, um de 32 anos e o outro de 29. Além disso, deixa seu neto de dois anos e esperava o segundo, previsto para nascer por volta da metade deste ano.
Em entrevista concedida ao portal UOL em março deste ano, Dimenstein afirmou: “Estou vivendo uma história de amor, por causa do câncer, com a minha mulher. A mulher com quem eu vivo há vinte anos. Nunca tive com ela a intimidade que tenho agora”.
Filho de um pai pernambucano de origem polonesa juntamente com uma mãe paraense de ascendência marroquina, Dimenstein nasceu de uma família judaica. Sua família morou na Vila Mariana , bairro da cidade de São Paulo.
Estudou no Colégio I. L. Peretz e se formou em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Foi diretor da Folha de S. Paulo na sede em Brasília e correspondente em Nova Iorque pelo mesmo jornal.
Em 2007, o jornalista foi apontado pela revista Época como uma das cem figuras mais influentes do País por suas reportagens sobre temas sociais e experiências em projetos educacionais.
Ganhou o Prêmio Nacional de Direitos Humanos juntamente com Paulo de Evaristo Arns, o Prêmio Criança e Paz , da Unicef , Prêmio Esso (na categoria principal) e o Prêmio Jabuti de melhor obra de não-ficção, em 1993, por seu livro “Cidadão de Papel”.
Dimenstein teve grande importância na área educacional. Em 2009, um documento da Escola de Administração de Harvard o apontou como um dos exemplos de inovação comunitária por conta de seu projeto bairro-escola em São Paulo, através do Projeto Aprendiz. Este, foi replicado pelo mundo pela Unicef e Unesco.
Além disso, segundo o senador Cristovam Buarque , Gilberto Dimenstein foi um dos inspiradores do ” Bolsa-Escola “, projeto que pagava uma bolsa mensal em dinheiro às família de jovens e crianças de baixa renda, desde que frequentassem a escola regularmente.
Atualmente, permanecia ativo como um crítico do governo Bolsonaro e Trump . Perguntado sobre o que traria energia a ele, respondeu: “A raiva profunda que eu tenho do Bolsonaro e do Trump. Eu fico louco quando ouço as besteiras do Bolsonaro. Mas a raiva é movedora. Vou pro Twitter, escrevo contra eles e me sinto vivo”.
Dimenstein escrevia, juntamente com sua companheira, Anna Penido , um livro entitulado “Os Melhores Dias da Minha Vida – Lições do Câncer”. “Estou fazendo uma auto reportagem. E a Anna, além de escrever, é também minha ombudsman. Às vezes conto algo sobre a doença e ela diz, ‘Gilberto, não, isso é mentira'”, afirmou em sua última entrevista, em março deste ano.
iG