O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte lançou nesta segunda-feira (20) a campanha “Mais Igualdade”, durante a solenidade de abertura da 11ª edição da Semana Nacional do Justiça Pela Paz em Casa. Idealizada e produzida pela Secretaria de Comunicação Social do TJRN, a campanha leva as pessoas a se colocarem no lugar da mulher agredida, a partir de uma perspectiva diferente. Assista a dois dos vídeos que integram a campanha AQUIe AQUI.
Um dos criadores do conceito da campanha “Mais Igualdade”, o diretor de arte Ilton Spínola, do Núcleo de Webdesign e Criação Gráfica do TJRN, diz que a ideia foi fugir das campanhas tradicionais de combate à violência contra a mulher, onde a exposição da mesma reforça os crimes cometidos.
“A nossa ideia foi impactar diante das campanhas tradicionais. Inserimos nas peças figuras masculinas no lugar das mulheres vitimadas, provocando uma reação de estranhamento imediato. E é exatamente esse o intuito da nossa campanha, mas o contexto não é apenas de substituição, e sim de se por no lugar da vítima, gerando empatia, e desconstruindo a ideia do ‘normal’ ou ‘comum’ que a sociedade enxerga ou absorve. Em contrapartida, salientar que violência é violência, sem definições de gêneros ou classes”, explica Spínola. Também participaram da criação do conceito, os diretores de arte Alison Bruno, John Willian Lopes, Raissa Azevedo e Valter Silveira.
Ao apresentar o projeto, o secretário de Comunicação do TJRN, jornalista Osair Vasconcelos, destacou os conceitos que nortearam a ideia “Do ponto de vista antropológico, nos convida a enxergar com os olhos do outro. O conceito vindo da psicologia, nos propõe a sentir o que o outro sente. A união desses conceitos nos leva a ter empatia com essa causa. Apostamos na empatia como elemento precursor da mudança”.
Semana
A Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa é uma iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que busca estimular o debate e conscientização sobre o enfrentamento à violência contra a mulher. Busca ampliar a efetividade da Lei Maria da Penha, através da conscientização da sociedade sobre a importância das denúncias em casos de violência doméstica. É realizada desde 2015, em parceria com os tribunais estaduais, os quais priorizam o julgamento de processos relativos ao tema.
O juiz Deyvis Marques, responsável pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (CE-Mulher), destacou a importância de evidenciar as discussões sobre o tema. “A campanha [da Justiça pela Paz em Casa] tem o objetivo de manter vivo o debate, visto que ela é contínua e promove três edições ao ano. Temos vivido momentos turbulentos, muitos casos de violência tem vindo a tona, o que demonstra que a cultura não se modificou”, considerou o juiz.
“O mesmo se dá com os números, os processos de violência têm aumentado consideravelmente, a ponto de gerar a necessidade de criar mais uma vara para tratar desses casos. Por tanto, para levar a discussão até a sociedade é necessário que hajam essas ações, quer seja no ponto preventivo, conscientizando o cidadão, ou incentivando as mulheres a buscarem ajuda”, pontuou Deyvis Marques.
O vice-presidente do TJRN, desembargador Gilson Barbosa, exprimiu seu entendimento sobre uma causa que mobiliza as mulheres e homens conscientes deste país. “Juridicamente, ela tem as mesmas garantias e direitos, mas ainda há resistência de ordem cultural. Por isso, é importante para o Judiciário patrocinar essa ação, por trazer um caráter mais efetivo às garantias e aos direitos que a mulher tem e merece”, asseverou o magistrado.
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