Os partidos que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deram início a uma operação para conter a disseminação de críticas e de fake news contra o petista nas redes sociais, algo que preocupa a campanha. A estratégia, neste primeiro momento, é rebater e esclarecer principalmente as notícias falsas. O plano foi discutido no começo desta semana durante reunião do núcleo partidário. E tem como como focos o eleitor evangélico e, principalmente neste momento, o rumor de que Lula poderia fechar igrejas se for eleito.
Nos últimos dias, monitoramento feito pela campanha identificou que o boato sobre o fechamento de igrejas se alastrou pela internet. A campanha do PT nega que haja qualquer hipótese de isso ser feito, e afirma que Lula, quando foi presidente, defendeu a liberdade religiosa.
Na avaliação do núcleo da campanha petista, a disseminação desse tipo de rumor tem o potencial de desidratar a candidatura de Lula na reta final da campanha. Pesquisa Ipec divulgada nesta semana mostrou que Lula tem dificuldade com o eleitor evangélico em comparação com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Lula teve 29% de intenções de voto nesse segmento, contra 47% de Bolsonaro.
Aliado de Bolsonaro, o deputado Pastor Marco Feliciano (PL-SP) disse em entrevista à rádio CBN que tem feito essa pregação sobre o suposto fechamento das igrejas para “alertar” os evangélicos. “Conversamos sobre o risco de perseguição, que pode culminar no fechamento de igrejas. Tenho que alertar meu rebanho de que há um lobo nos rondando, que quer tragar nossas ovelhas através da enganação e da sutileza. A esmagadora maioria das igrejas está anunciando a seus fiéis: ‘tomemos cuidado'”, disse Feliciano, que é pastor da Assembleia de Deus Ministério Catedral do Avivamento.
Diante disso, a campanha de Lula entrou com um pedido de interpelação contra o parlamentar no Tribunal de Justiça do Distrito Federal para que Feliciano compareça em juízo e apresente provas sobre as acusações. “A gente não pode deixar que a campanha vá para fake news, para mentira. Eles não têm o que debater com o povo brasileiro e ficam inventando coisas”, afirmou a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Pelas redes sociais, Feliciano reafirmou seu posicionamento sobre a possibilidade de perseguição aos evangélicos. “Como eu alertei, a Igreja Evangélica será perseguida por Lula e pelo PT. Prova disso é que já querem me processar. Me acusam injustamente de fake news apenas por eu externar uma preocupação que é compartilhada pela imensa maioria dos evangélicos brasileiros”, disse.
Gleisi afirmou que a ação contra o deputado é por ele espalhar notícias falsas e não por sua fé religiosa, portanto não se trata de perseguição. “O deputado Marcos Feliciano foi interpelado judicialmente por espalhar fake news sobre Lula e o PT. Não tem nada a ver com religião”, escreveu ela nas redes sociais.
Gazeta do Povo