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Cabotagem no RN requer investimento de R$ 260 milhões

FOTO: CANINDÉ SOARES

Viabilizar a operação de cabotagem no Porto de Natal requer um investimento de aproximadamente R$ 260 milhões. A maior parte do investimento – R$ 200 milhões – seria para a dragagem, processo no qual são removidos sedimentos do fundo do Rio para garantir profundidade adequada à navegação. Os outros R$ 60 milhões seriam destinados para as estruturas de defensas, guindaste e escâner. As informações são da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern).

A entidade apresentou, durante a Intermodal South America, maior evento de logística das Américas, entre os dias 5 e 7 de março, em São Paulo, o potencial de carga do Estado a sete empresas, com foco na cabotagem. A Fiern destaca que parte da produção potiguar poderia ser escoada via balsa marítima, como uma alternativa ao transporte por caminhão, o que diminuiria a ociosidade do Porto de Natal.

Ainda segundo a Fiern,O presidente da Fiern, Roberto Serquiz, diz que o momento é de reivindicar o apoio do poder público para colocar em prática a operação. “O que nós estamos reivindicando é a participação do Poder Público e seus representantes, tanto o Executivo quanto o parlamento federal e estadual, de se envolverem no processo de busca desses recursos e investimentos para o tradicional Porto de Natal. O RN precisa desse canal logístico para resgatar a competitividade perdida ao longo dos últimos anos”, diz.

Cabotagem é o transporte marítimo entre portos dentro do mesmo País. Isso significa que as embarcações que fazem a cabotagem transportam cargas ou passageiros de um porto nacional para outro, contribuindo para o comércio doméstico e a conectividade regional. Essa prática é comum em países com extensas costas marítimas, como o Brasil, onde é uma parte fundamental da logística de transporte de mercadorias. No Rio Grande do Norte, a falta das defensas da ponte, do guindaste, do escâner e necessidade de dragagem do Porto impedem a operação.

Esse modelo, diz Roberto Serquiz, poderia significar o transporte de 180 contêineres para o Porto de Suape, no estado de Pernambuco. De acordo com a Fiern, 51% da produção potiguar sai pelo Porto de Suape e 21% sai por Pecém. “Uma alternativa surgiu, que é começarmos a transportar uma parte, dentro da capacidade do Estado, através de balsa oceânica. Essa alternativa levaria até 180 contêineres para o Porto de Suape. Desta maneira, teríamos esse trânsito entre o Porto de Natal e o Porto de Suape o que viabilizaria também esse retorno”, diz.

Ainda de acordo com Serquiz, a possibilidade de uma PPP não é descartada. “A possibilidade de uma PPP é real, até por termos atualmente esse instrumento regulamentado pelo Estado, o que é um facilitador na atração de investimentos”. Durante o evento em SP, a Fiern apresentou um estudo, elaborado pelo Observatório da Indústria Mais, no qual o potencial de carga do Rio Grande do Norte é destacado.

A comitiva teve encontros com representantes das empresas Login, Norcoust, Mercosul Line, Aliança, Maersk, MSC e Hapag-Lloyd, que demonstraram interesse em operar na capital potiguar.

“Ouvi de empresas que se tivermos, ao menos o guindaste e as defensas, por exemplo, já muda o cenário do Porto. Por isso, é tão importante que as medidas para a recuperação do Porto de Natal sejam aceleradas. O interesse no potencial do nosso estado é tão evidente que uma das empresas disponibilizou uma alternativa de iniciar uma operação via balsa oceânica, fazendo uma ligação entre o Porto de Suape e o Porto de Natal”, comenta Serquiz.

A reportagem procurou a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec) e da Companhia Docas (Codern), mas não houve respostas até o fechamento desta reportagem.

Potencial para impulsionar economia

Ao longo de 2023, a Fiern recebeu diversas empresas de cabotagem para apresentar o potencial de operação no Porto de Natal. Representantes de empresas já se encontraram com lideranças empresariais do Estado para conhecer a demanda pela cabotagem dos setores produtivos. Entre janeiro e dezembro de 2023, dentre os tipos de navegação a partir dos portos do RN, a de longo curso concentrou 2,3 milhões de toneladas e a cabotagem perto de 500 mil toneladas. Os dados são do Desempenho Aquaviário 2023 da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).

A implementação da cabotagem no Rio Grande do Norte não apenas promete impulsionar a economia local, mas também trazer benefícios ambientais e de infraestrutura, afirmam interlocutores do setor produtivo. A redução do tráfego de caminhões de carga nas estradas estaduais não só diminuirá os danos ao meio ambiente, mas também contribuirá para a conservação e aprimoramento das vias de transporte.

Tribuna do Norte

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