O brasileiro retomou com força o turismo nos últimos meses, especialmente em resorts, depois de um ano e meio de jejum de viagens de lazer por causa da pandemia. A demanda reprimida contrariou a velha regra de que em ano de Copa ou de eleição o setor perde fôlego. Em 2022, houve os dois eventos, e as vendas de pacotes de viagens têm crescido, em média, de 40% a 50% em relação a 2021, segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav).
A receita real, descontada a inflação, com todas as atividades que envolvem turismo – não só gastos com passagem e hospedagem -, cresceu 34,5% de janeiro a outubro ante igual período de 2021, aponta o IBGE. E, em outubro, dado mais recente, o setor praticamente voltou ao nível pré-pandemia.
“O ano todo tem tido uma demanda bem alta por viagens”, afirma o vice-presidente da Abav, Frederico Levy. Esse movimento ficou nítido na Black Friday. A megaliquidação deste ano foi um fiasco para os bens duráveis, como os eletrodomésticos, por exemplo. Mas o turismo se deu bem.
“Nas outras Black Friday não pude viajar, então comprei TV, ar-condicionado e muitas coisas para a casa”, conta a empresária Natália Coelho da Silva. Com a normalização da situação sanitária, nesta megaliquidação ela preferiu gastar com turismo
Em março, Natália, o marido e a filha vão integrar um grupo de quase 15 pessoas, entre amigos e familiares, que irão se reunir num resort na Costa do Sauipe (BA). “Vamos reeditar a última viagem que fizemos nós três antes da pandemia, mas agora com um grupo maior”, diz. Para abril, ela, a mãe, a irmã e a filha embarcam num cruzeiro de quatro dias pela costa brasileira. E o plano para 2024 é conhecer Cancún, no México, também num resort
A intenção de muitos brasileiros de reencontrar a família em viagens depois da covid-19 teve reflexos na procura por pacotes de viagens, especialmente em resorts no País e no exterior e em cruzeiros.
Maior grupo hoteleiro de resorts em número de apartamentos, com 2.700 acomodações espalhadas por 11 hotéis entre Rio Quente (GO) e Costa do Sauipe (BA), o grupo Aviva vendeu na Black Friday deste ano R$ 92 milhões. A cifra, que inclui hospedagem e ingressos para o parque aquático, é 53% maior em relação ao mesmo evento de 2021.
“Os resorts têm sido o local de encontro escolhido pelas famílias que ficaram separadas durante a pandemia”, aponta o CEO, Alessandro Cunha. Essa é uma das razões do forte crescimento de vendas desse tipo de hospedagem.
Conteúdo Estadão