Depois de um ano cheio de restrições devido à pandemia de Covid-19, países que seguem um ritmo acelerado de vacinação começam a planejar a reabertura de suas fronteiras para turistas. A Comissão Europeia recomendou, na última semana, que os 27 países que compõem o bloco comecem a aceitar turistas totalmente vacinados, ou seja, que tenham recebido o esquema completo de vacinas.
A decisão, entretanto, só inclui pessoas que tenham sido imunizadas com uma das quatro vacinas aprovadas pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) – equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil. Até aqui a EMA só autorizou as vacinas Oxford/AstraZeneca, Pfizer/BioNTech, Johnson & Johnson e Moderna.
A liberação não se aplica, portanto, às pessoas vacinadas com a Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. O que pode atrasar os planos dos brasileiros que pretendem viajar para Itália, França ou Alemanha, por exemplo. A orientação também aumenta a polêmica sobre o chamado “passaporte da vacina”.
Para o médico sanitarista Claudio Maierovitch, da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), apesar do tom discriminatório – apenas os países mais ricos estão tendo acesso amplo às vacinas contra Covid-19, a medida é compreensível. “Países que estão tentando controlar a transmissão do vírus não querem alguém de fora que possa ser um agente de contágio”, explica o ex-diretor presidente da Anvisa.
Autorização para a Coronavac
A restrição, entretanto, pode cair em breve. Na última terça-feira (4/5), o regulador de medicamentos da Europa informou que iniciou uma “revisão contínua em tempo real” da vacina da Sinovac, do laboratório chinês desenvolvedor da Coronavac. Esse tipo de análise de dados é feita para acelerar o processo de aprovação, permitindo que os pesquisadores enviem os resultados na medida em que eles estejam disponíveis.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também começou a revisar o relatório da Sinovac na última semana. Segundo especialistas da entidade, o imunizante é eficaz na prevenção da Covid-19 em adultos com menos de 60 anos, mas faltam ser enviados dados mais consistentes sobre o risco de efeitos adversos graves para que a vacina seja aprovada.
A decisão deve ser tomada ainda nesta semana. Maierovitch acredita que, com a aval da OMS à vacina, é provável que os imunizados com a Coronavac não tenham dificuldades para entrar no bloco europeu.
Lista vermelha
De qualquer maneira, os brasileiros ainda terão de esperar para encontrar as fronteiras abertas. O Brasil, por causa da situação atual da pandemia e da variante de Manaus, está em uma espécie de “lista vermelha” mundial, com a entrada de seus cidadãos vetada na maioria dos países. “O Brasil está simplesmente observando a doença acontecer e não faz nada para que a transmissão diminua. Enquanto estiver nessa situação, acho difícil sair da lista vermelha”, afirma Maierovitch.
Metrópoles