O Brasil assinou hoje (8), ao lado do Chile e da Colômbia, um acordo de cooperação para participar do programa Copernicus de Observação e Monitoramento da Terra da União Europeia (UE). Com isso, os países latino-americanos passam a ter acesso às informações produzidas pelos seis conjuntos de satélite. Em troca, os parceiros vão compartilhar os resultados das análises dessas informações com os outros participantes do sistema.
“A contribuição do Brasil, Chile e da Colômbia é no sentido de obter os dados e poder utilizá-los para enfrentar os problemas e depois nos dar o feedback. Dizer que os dados foram úteis desta e daquela maneira”, enfatizou o embaixador da União Europeia no Brasil, João Gomes Cravinhos. Segundo ele, o sistema disponibiliza diversos tipos de informações, observando eventos climáticos, condições atmosféricas, uso da terra e atividades nos oceanos.
“Tudo que tem a ver com alterações climáticas; desastres naturais; mudanças no mares – desde os estoques de peixes até questões de temperatura; o que se passa com o El Niño. Todos esses fenômenos ficam facilmente monitorados para permitir autoridades do Brasil, da Colômbia e do Chile a encontrar respostas em suas políticas públicas em relação aos problemas que surgirem”, acrescentou o embaixador.
A parceria com os países latino-americanos faz parte, segundo o diretor de Política Espacial da comissão da UE, Philippe Brunet, de uma ampla proposta de expansão do programa Copernicus. Em seguida, devem ser assinados termos semelhantes com países asiáticos, como a Índia. “Se completarmos esse plano, até o fim do ano os dados do Copernicus vão cobrir, potencialmente mais de 4 bilhões de pessoas. Mais da metade da população mundial”, ressaltou.
Combate ao desmatamento
No Brasil, os dados serão processados a partir do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. De acordo com o diretor-geral do instituto em Ribeirão Preto, Ricardo Galvão, o sistema traz ganhos importantes, pela capacidade de fornecer informações além das disponibilizadas pela tecnologia usada atualmente. “Os satélites de radar são importantes porque permitem que se tirem imagens até quando há uma cobertura de nuvens”, explicou.
Os satélites europeus também vão permitir monitoramento mais rápido do desmatamento da Amazônia e outros biomas, como o Cerrado. Segundo o diretor, o sistema brasileiro tem um intervalo de dez dias entre uma passagem e outra, permitindo que alguns criminosos atuem nos intervalos do monitoramento. “As pessoas que executam o corte da floresta estão muito espertas. Eles procuram fazer rapidamente em áreas não muito grandes para escapar da vigilância”, contou.
O sistema Copernicus já foi usado no Chile, facilitando o combate dos incêndios florestais durante o verão de 2017, e auxiliando na ação governamental durante o terremoto de 2016.