A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) vai apostar no engajamento de estrelas do sertanejo como contraponto a artistas que têm levantado bandeiras em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa eleitoral. A estratégia, segundo aliados do presidente, é aproveitar a boa relação que o atual chefe do Palácio do Planalto tem entre nomes populares do gênero musical para consolidar o apoio do público conservador e tentar conquistar votos principalmente entre mulheres, jovens e a população mais pobre, estratos do eleitorado em que Bolsonaro tem apresentado seus piores índices nas pesquisas.
A ideia é que alguns artistas alavanquem as bandeiras defendidas por Bolsonaro — que em muitos casos também são as deles, como a do agronegócio — como um gesto de apoio à reeleição do presidente. O formato, contudo, ainda está indefinido. O desejo é que eles se manifestem em suas redes sociais e eventualmente gravem vídeos elogiando o mandatário. A orientação dada pela equipe jurídica do PL, partido do presidente, é que os cantores não peçam votos.
Do lado dos sertanejos, por sua vez, há um receio de que críticas mais ácidas a adversários de Bolsonaro, como as feitas pelo cantor Zé Netto, da dupla com Cristiano, possam ter um efeito reverso para suas carreiras. As declarações do sertanejo, que criticou a Lei Rouanet — associada por bolsonaristas a artistas apoiadores de Lula —, desencadeou investigações sobre apresentações pagas com dinheiro público por pequenas prefeituras. A polêmica se alastrou pelas redes sociais e ficou conhecida como “CPI dos sertanejos”.