Sem poder se candidatar a qualquer cargo político até as eleições de 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se prepara para atuar como “cabo eleitoral” da direita já no pleito municipal de 2024. Em Belo Horizonte (MG), o líder da extrema-direita brasileira falou à imprensa logo após o veredicto de 5 x 2 dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o tornou inelegível. Segundo ele, a Corte “condenou pela primeira vez alguém por abuso de poder político” em um “crime sem corrupção”. Bolsonaro, no entanto, procurou não entregar os pontos ao assegurar que, politicamente, “não está morto”.
“A gente vai continuar trabalhando. Devemos fazer alguns prefeitos. Não é o fim da direita no Brasil. Antes de mim ela existia, mas não tinha forma, e agora começou a ganhar materialidade”, ressaltou, nesta sexta-feira (30/6).
A atuação como “cabo eleitoral” será necessária porque, de acordo com o ex-presidente, não há candidatos na oposição com cacife político para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas próximas eleições. “Seria quase um W.O. (sigla para a palavra em inglês walk over, que em português significa ‘vitória fácil’)”.
Em Belo Horizonte, onde participou do velório do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, Bolsonaro não poupou ataques ao TSE. “Há pouco tempo, levei uma facada na barriga. E hoje tomei uma facada nas costas com a inelegibilidade por suposto abuso de poder político”, observou.
“Foi um massacre em cima de mim por alguns setores da sociedade. O TSE trabalhou contra minhas propostas. Fui proibido de mostrar imagens do Lula com gorro do CPX, do Complexo do Alemão, proibido de fazer live em sua casa, de mostrar imagens do 7 de setembro. Isso é crime? Abuso de poder político? Por defender algo que sempre defendi quando parlamentar [o voto impresso]?”
O ex-presidente confirmou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra sua condenação. Em entrevista concedida à Rádio Itatiaia, nesta sexta, Bolsonaro disse: “Se costuma no Brasil se ver julgamento por corrupção, entre outras coisas. Pela primeira vez, abuso de poder político. O que eu vou fazer? Vou conversar com os meus advogados, e o recurso vai para o Supremo Tribunal Federal”.
Metrópoles