Jair Bolsonaro acaba de promover mais uma mudança em seu ministério. Recriou o Ministério das Comunicações e nomeou para a pasta Fabio Faria, deputado do PSD do Rio Grande do Norte. É o segundo potiguar a fazer parte do primeiro escalão do governo federal.
Bolsonaro disse a auxiliares que Faria, genro de Silvio Santos, não é uma indicação de Gilberto Kassab, presidente do PSD. É cota pessoal dele. Faria é hoje um dos deputados mais próximos de Bolsonaro. Faria é um frequentador assíduo do gabinete de Bolsonaro. Almoçam com frequência.
Marcos Pontes, o astronauta, continua como Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações, mas agora sem cuidar das Comunicações. As pastas de Ciência e Tecnologia e Comunicações haviam sido fundidas no governo Temer.
Em fevereiro passado, o presidente Jair Bolsonaro empossou o ex-deputado potiguar Rogério Marinho no cargo de ministro do Desenvolvimento Regional, no lugar de Gustavo Canuto, que passou a comandar a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev).
Antes de virar ministro, Marinho era secretário especial da Previdência e foi um dos principais atores para o andamento da reforma do sistema previdenciário, aprovada no Congresso Nacional em 2019.
Faria assumirá um ministério turbinado. Além de atribuições que estavam na pasta comandada por Pontes, como os Correios e a Telebras, o ministério agora comandado pelo parlamentar vai absorver a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social).
Até então vinculada à Secretaria de Governo da Presidência, ministério liderado pelo general Luiz Eduardo Ramos, a Secom é a responsável pela divulgação de ações do governo, contato institucional com veículos de comunicação e distribuição da verba de publicidade oficial.
O atual responsável pela Secom, Fabio Wajngarten foi nomeado secretário-executivo do Ministério das Comunicações.
No final da noite desta quarta, Bolsonaro comentou a indicação de Faria ao chegar ao Palácio da Alvorada. Ao negar que a nova configuração da Esplanada seja uma sinalização ao centrão, ele disse que “não teve acordo com ninguém” e que “nem lembra qual o partido” de Faria.
“Vamos ter que alguém que, embora não seja profissional do setor, tem conhecimento até pela vida que ele tem junto à família do Silvio Santos. Minha intenção é essa: otimizar e botar o ministério para funcionar nessa área que estamos devendo há muito tempo, uma melhor informação”, disse, em declaração transmitida em suas redes sociais.
Ele também informou que pretende privatizar assim que possível a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que segue para a pasta do deputado federal. A recriação do Ministério das Comunicações foi oficializada em edição extra do Diário Oficial da União.
A hipótese de que Fabio Faria pudesse ser ministro era aventada havia pelo menos 20 dias por integrantes das siglas que compõem o centrão, como PP, Republicanos, PL e o próprio PSD —embora este último negue fazer parte do grupo.
Apesar ser apontada por parlamentares como uma nomeação que faz parte dessas negociações, integrantes do PSD dizem que a indicação de Faria foi uma decisão pessoal de Bolsonaro, que é próximo do deputado. Eles também ressaltam forte peso da proximidade de Faria com o dono do SBT na chancela de seu nome.
Segundo aliados do presidente, as conversas sobre a recriação e nomeação do parlamentar se intensificaram na quarta-feira passada (3). O presidente reclamou da forma como a área das comunicações estava sendo tocada dentro da Ciência e Tecnologia e disse a Faria que queria fortalecer o setor.
Oficializado ministro, Faria terá controle sobre estruturas tradicionalmente disputadas por partidos políticos, como os Correios.
Na distribuição de cargos para siglas do centrão, parte da negociação para formar uma base no Congresso, o presidente já fez outras sinalizações ao PSD.
Ele entregou ao partido a presidência da Funasa ao partido, chefiada pelo ex-comandante da PM Giovanne Gomes da Silva. Ele também nomeou Carlos Roberto Fortner, ex-presidente dos Correios, para Instituto Nacional de Tecnologia da Informação.
Legendas como o PP e PL também já foram contempladas, mas até o momento com postos no segundo escalão.
O Globo e Folha de S. Paulo