O fenômeno das “fake news” – notícias falsas que se espalham pelas redes sociais – continua gerando graves consequências no mundo real. Cinco pessoas foram assassinadas na Índia no último fim de semana devido a boatos compartilhados por WhatsApp.
Segundo o jornal Times of India, as cinco vítimas foram linchadas até a morte no vilarejo de Rainpada, no estado de Maharashtra, na última semana. Uma corrente no WhatsApp dizia que havia traficantes de crianças na região, e uma das pessoas linchadas foi vista conversando com uma garota na rua.
O caso é apenas o mais recente numa epidemia de linchamentos motivados por boatos sem fundamento no WhatsApp que acomete regiões mais pobres da Índia. Nos últimos dois meses, 27 pessoas morreram em casos semelhantes no país.
Autoridades locais tentam controlar a propagação de fake news pelo WhatsApp, mas não têm tido muito sucesso. O jornal The Washington Post informa que um palestrante contratado para educar uma vizinhança sobre os riscos desses boatos acabou assassinado na última quinta-feira, 28, no estado de Tripura.
O fenômeno não é novidade, mas tem ficado pior à medida em que mais pessoas ganham acesso à internet por meio de apps como Facebook e WhatsApp. A situação é particularmente mais grave em regiões pobres, como vilarejos isolados na Índia e outros cantos da Ásia.
Em março deste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que 650 mil pessoas da minoria islâmica rohingya foram expulsas do país asiático Mianmar e tiveram que cruzar a fronteira com Bangladesh devido a ameaças impulsionadas por fake news no WhatsApp.
No Brasil, o caso mais famoso é de maio de 2014, quando uma dona de casa foi confundida com uma sequestradora de crianças e espancada até a morte no Guarujá, litoral de São Paulo. O linchamento foi promovido por causa de um boato espalhado no WhatsApp.
O Facebook, dono do WhatsApp, diz que tem tentado fazer a sua parte, mas a natureza do aplicativo, que permite a troca de mensagens criptografadas de ponta a ponta, impossibilita que o conteúdo que circula por ali seja controlado pela empresa ou autoridades.
“O WhatsApp está trabalhando para esclarecer quando os usuários receberam informações que foram encaminhadas e para fornecer controles para os administradores de grupo, com o intuito de reduzir a disseminação de mensagens indesejadas em chats privados”, disse Carl Woog, um porta-voz da empresa, ao Washington Post. “Estamos trabalhando com várias organizações para intensificar nossos esforços de educação, para que as pessoas saibam como detectar notícias falsas e fraudes circulando online.”
Olhar Digital