O Banco Central (BC) bloqueou mais de R$ 11 milhões das contas da mulher do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Uma ação criminal, expedida pelo juiz federal Sérgio Moro, solicitou o bloqueio dos valores de Adriana Ancelmo e em contas da empresa de advocacia Ancelmo Advogados.
A determinaçaõ foi solicitada no mesmo dia em que a Operação Calicute da Polícia Federal prendeu Sérgio Cabral, suspeito de desviar mais de R$ 220 milhões de verba pública. Mais oito foram presos na operação, por suspeita de desvios em obras do governo estadual feitas com recursos federais.
Em uma conta pessoal de Adriana, o BC apreendeu o valor de R$ 10 milhões. O resto do montante foi encontrado em outras três contas da empresa vinculada à ela. Moro pediu ainda que o Banco Central investigasse outras duas contas bancárias de Adriana Ancelmo, mas nem um centavo foi encontrado. Ao todo, foram apreendidos R$ 11.000.094, 67.
Suspeita de lavagem de dinheiro
A mulher do ex-governador Sergio Cabral (PMDB), Adriana Alcelmo, foi alvo de condução coercitiva no dia 17 de novembro, ou seja, conduzida pela Polícia Federal para depor sobre as investigações que culminaram na prisão do marido pela Operação Lava Jato. Ela é citada nos dois despachos que decretaram a prisão preventiva de Sergio Cabral: um do juiz Sergio Moro, de Curitiba, e outro do juiz Marcelo da Costa Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio,
Adriana é suspeita de lavagem de dinheiro e de ser beneficiária do esquema criminoso. A ex-primeira dama é advogada e sócia-proprietária de um escritório de advocacia no Rio. No âmbito da Operação Lava Jato, os investigadores identificaram pagamentos feitos por Adriana em dinheiro vivo e afirmam que a lavagem se daria pela aquisição de bens, também com pagamentos ou depósitos em espécie.
Segundo o MPF, onze pagamentos feitos por Adriana a fornecedores ocorreram entre dezembro de 2009 e agosto de 20015, totalizando R$ 949.985,01. Entre os objetos comprados estão móveis, dois mini bugs e equipamentos gastronômicos.
“Pagamentos vultosos em espécie, embora não sejam ilícitos, constituem expediente comumente utilizado para prevenir rastreamento e ocultar transações financeiras”, escreveu o juiz Sergio Moro.
Para Moro, as transações parecem ter sido feitas de forma a evitar uma possível fiscalização do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que recebe informações relativas a movimentações superiores a R$ 10 mil.
No caso de Adriana, depósitos para o pagamento de móveis em uma empresa de marcenaria foram feitos em parcelas de aproximadamente R$ 9 mil, em diversas parcelas e mais de uma parcela no mesmo mês.
Segundo Moro, a “explicação provável” para as operações seria “a intenção de ocultação e dissimulação, indicativo da origem e natureza criminosa dos valores envolvidos”.
Globo.com