Mais de 70 anos depois de uma bomba atômica devastar Hiroshima, um presidente americano visita a cidade japonesa. Barack Obama chegou por volta das 5h da manhã desta sexta-feira e, apesar da homenagem às vítimas, deixou claro que não pediria desculpas. O ataque a Hiroshima, no fim da Segunda Guerra Mundial, deixou mais de 140 mil mortos.
Depois de colocar uma coroa de flores no Memorial da Paz de Hiroshima, Obama defendeu um mundo sem armas nucleares, e disse que a memória às vítimas nunca deve desaparecer.
— Há 71 anos, a morte caiu do céu e o mundo mudou — declarou o presidente diante do memorial das vítimas da bomba lançada pelos EUA em Hiroshima — Viemos aqui para refletir sobre a terrível força desencadeada em um passado não tão distante. Viemos para chorar todos os inocentes mortos naquela terrível guerra. Temos uma responsabilidade de olhar diretamente nos olhos da história. Devemos perguntar o que devemos fazer de maneira diferente para conter tal sofrimento novamente. O progresso tecnológico sem o equivalente progresso nas instituições humanas podem nos condenar. A revolução científica que levou à divisão do átomo requer uma revolução moral também.Obama chegou a Hiroshima acompanhado pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. A viagem ao país acontece após uma reunião do G-7.
A visita é uma homenagem às vítimas do ataque de 6 de agosto de 1945 — e, possivelmente, aos outros 74 mil mortos pela bomba que atingiu Nagasaki, três dias depois, forçando a rendição japonesa meses após a derrota da Alemanha nazista. No início do primeiro mandato, Obama disse ter desejo de conhecer a cidade.
Anos após deixar o cargo, o ex-presidente Jimmy Carter foi a Hiroshima em 1984 para falar contra a proliferação nuclear. Em março, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, visitou o memorial do bombardeio de Hiroshima, marcando a primeira ida de um chefe da diplomacia americana em exercício ao local. Ele também não pediu desculpas, mas disse lamentar profundamente os fatos que levaram aos ataques.
— Jamais esquecerei aquelas imagens que revolvem o estômago — disse Kerry, comentando os estragos provocados pela explosão da bomba, cujo lançamento foi autorizado pelo presidente Harry Truman.
O Globo