Quem frequenta a orla da Praia da Redinha, na Zona Norte de Natal, sofre na hora em que bate a necessidade de usar o banheiro. Tanto banhistas quanto comerciantes e outros trabalhadores que atuam no calçadão da praia não têm onde recorrer além de a própria água do Rio Potengi ou do mar que banham a região. Em outros casos o banheiro existente no Mercado da Redinha é utilizado como solução.
Os proprietários e trabalhadores das barracas da praia são alguns dos mais afetados com um espaço para suas necessidades. Dona Maria do Livramento, cozinheira do quiosque 15, diz que não é incomum durante o dia ter de fechar o estabelecimento. “A gente trabalha o dia todo e para ir ao banheiro tem que ir ao mercado, muito longe daqui, e fechar o quiosque para isso”, disse a mulher, de 58 anos.
O garçom Jadson Costa, 22, que atende os banhistas nas barracas espalhadas pela areia, diz que a falta de estrutura adequada interfere nos negócios. “Sem banheiro o cliente muitas vezes não fica. Só tem o banheiro do mercado e perdemos clientes por isso, eles preferem ir para outro lugar com estrutura”, contou.
O relato do garçom sobre a perda de clientes é o mesmo que faz Cláudia Albuquerque, 47, dona do quiosque 16. Questionada pela reportagem se algum representante da Prefeitura ou do Governo do Estado já conversou com os comerciantes da área sobre o projeto de instalação dos equipamentos higiênicos, ela disse que se sente esquecida pelo poder público devido à infraestrutura deficiente presente na praia.
“Não temos nem banheiros, nem segurança pública aqui. Nenhum representante [do poder público] vem falar com a gente sobre qualquer projeto do tipo, imagine para instalar alguma estrutura”, reclamou Cláudia.
O segurança Jaime Gomes, 57, aproveitava a manhã de folga, ontem, para esticar as pernas na areia da Praia da Redinha e tomar uma cerveja de frente para o ponto de encontro entre o mar e o Rio Potengi, com a Ponte Newton Navarro adiante. Ele fortalece o coro dos comerciantes da região. Na visão de Jaime, lavabos são fundamentais para o público que frequenta da orla.
“Tem que melhorar muito [a infraestrutura, atualmente sem toaletes]. O banheiro do mercado é horrível de usar porque é longe e sujo. Se deslocar é chato, banheiros aqui seriam fundamentais por serem mais perto de nós”, opinou o segurança.
Não muito distante da barraca onde estava Jaime, o auxiliar de guindaste Flaudeson dos Santos, 45, também aproveitava o dia de descanso com alguns amigos. Ele também afirmou que sente a falta de lavatórios no local. “Aqui quem precisa ir ao banheiro faz na água ou vai ao mercado”, relatou.
No decorrer da orla, outros relatos revelam a falta de segurança do local, os buracos existentes no calçadão, além do próprio problema da falta de banheiros públicos. Um rapaz que passou pela reportagem comentou que uma vez sua esposa grávida não teve como ir ao toalete e teve de se segurar até encontrar um espaço disponível. “Foi agonia!”, lembrou antes de se afastar com pressa.
Serviço será privatizado pela Prefeitura
A Prefeitura de Natal, por meio da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), pretende privatizar os banheiros públicos presentes na orla natalense. No momento, são 12 banheiros na Praia de Ponta Negra, seis femininos e seis masculinos. A previsão é que ocorra o mesmo na Redinha, mas como a Semsur está em fase de preparação para um projeto de privatizar os lavabos, ainda não há data definida para que a praia da zona Norte seja contemplada com novas estruturas.
Já foi noticiada a proposta de transformar os banheiros públicos de toda a costa da capital em privados, sendo necessário desembolsar uma quantia para a utilização. Ontem, a reportagem voltou a procurar a pasta dos serviços urbanos para atualizar as informações. A assessoria de imprensa afirmou que o projeto ainda está em fase de preparação.
“A proposta é viabilizar uma parceria público-privada a ser implantada ainda neste ano, mas a ideia está em processo de formatação e por isso não há informações oficiais a serem divulgadas”, explicou a Semsur, por meio de nota.
O motivo para a privatização seria o vandalismo verificado nas estruturas instaladas em Ponta Negra. A má educação de algumas pessoas é um problema difícil de ser contornado e foi a principal razão apontada pela Prefeitura a cogitar a privatização dos banheiros públicos.
O novo modelo a ser implantado é o mesmo de outras capitais brasileiras, onde serviços básicos não são mais oferecidos de graça para os banhistas e turistas. É o que ocorre em João Pessoa (PB), Recife (PE) e Copacabana, no Rio de Janeiro.
Informações: Novo Jornal