A literatura do Rio Grande do Norte está muito viva – talvez mais do que nunca em sua história – e não apenas em Natal e Mossoró. Do interior, surgem novas vozes retratando a riqueza cultural das suas cidades, muitas delas com qualidade de criação e de linguagem em alto calibre.
Julho, por exemplo, traz para os leitores potiguares dois exemplos dessa produção: Bom dia, meus povo!, do jornalista Rosemilton Silva, e Macaíba – Manancial de Nobreza, do professor, cordelista e agitador cultural Hailton Mangabeira. Se o segundo já deixa claro o lugar de onde veio, o segundo merece o esclarecimento. Bom dia, meus povo! (assim mesmo, com o plural do possessivo misturado com o singular do substantivo), conta histórias de Santa Cruz, a cidade polo do Trairi. Os dois livros saem pela Z Editora, do jornalista Osair Vasconcelos.
Nobre Macaíba
Macaíba – Manancial de Nobreza é o segundo livro de Hailton Mangabeira. O primeiro, Paulo Freire em cordel, resume, em linguagem popular, o método pedagógico do conhecido educador. Na sua área de maior atuação, o verso de cordel, Hailton Mangabeira já publicou 137 vezes, e o seu trabalho na área tem penetração no público universitário de muitos estados, especialmente Paraíba, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Além de cordelista e escritor – tem outros livros prontos – Hailton Mangabeira é também cineasta, autor de quatro longas metragens: “Os Pés de Benedita” (2011), “Se alembra?” (2012), “O milagre do cabaço” (2018) e “Um lugar que não existe” (2018). Ele é membro da Academia Macaibense de Letras e escreveu e produziu a peça teatral “Cartas de um exilado”, baseada no livro de mesmo título de Djalma Maranhão. Compositor, foi duas vezes finalista do Festival Universitário da Canção da UFRN.
Da esquina do mercado
Bom dia, meus povo! é o segundo do jornalista santa-cruzense Rosemilton Silva. O primeiro, Crônicas da Casa de Maria Gorda, lançado 2018, obteve sucesso a ponto de ter uma segunda edição no mesmo ano. As crônicas de Rosemilton, tanto no primeiro quanto no novo livro, relatam acontecimentos do dia a dia da Santa Cruz dos anos 50 até os anos 80.
As histórias são ricas em humor e lirismo, com toques de leve nostalgia de tempos os quais, em qualquer cidade à época, corriam mansos, com forte integração entre os moradores, num convívio rico de fatos e entrelaçamento humano. Ao narrar esses acontecimentos, Rosemilton tornou Maria Gorda, a dona do cabaré mais concorrido da cidade, num personagem que traz sempre uma visão à parte dos que os seus conterrâneos viam. Personagem real, Maria Gorda convivia em meio aos moradores de Santa Cruz e se destacava no dia a dia pela personalidade agregadora, pacifica e bem-humorada.
Se as histórias por si só já não fossem bastante atraentes, Rosemilton ainda as enriquece com uma linguagem coloquial rica, engraçada, resgatadora de palavras perdidas no tempo e que faziam a graça e humor do falar popular do interior. A linguagem leva o leitor a mais ouvir do que a ler, tal a fidelidade do autor na transcrição das falas e na própria narrativa que faz. E assim, ele começa as histórias sempre com a saudação Bom dia, meus povo!
Rosemilton Silva é um veterano jornalista e passou por praticamente todas as redações de Natal – de rádio, jornal e televisão – nos melhores tempos do jornalismo potiguar. Foi primeiro bancário, mas aprendeu cinegrafia e assim começou a carreira que se estendeu através das rádios Cabugi, Tropical e Cidade, além de montar as de Santa Cruz e Ceará Mirim. Formado pela UFRN em jornalismo, trabalhou no Diário de Natal, A República, Tribuna do Norte, Dois Pontos, RN Econômico e Foco. Também prestou serviços às Tv´s Universitária, Potengi e União. Nos últimos anos, Rosemilton Silva especializou-se em jornalismo automobilístico na televisão.
Serviço
Bom dia, meus povo!
Lançamento: 06 de julho
Local: Clube Juvenal Pé de Copa
Horário: 18h30
Macaíba – Manancial de nobreza
Lançamento: 13 de julho
Local: Casa de Cultura de Macaíba
Horário: 19h30