Autor de algumas marchinhas “canceladas” – como Cabeleira do Zezé e Maria Sapatão –, o compositor carioca João Roberto Kelly tem 81 anos e segue em atividade, seja criando músicas ou se apresentando. Também responsável por sucessos do Carnaval como Mulata Iê Iê Iê, Bota a Camisinha e Joga a Chave, Meu Amor, ele é conhecido como o Rei das Marchinhas.
Sua produção mais recente é a Marchinha para o Mister, que pede Jorge Jesus, técnico do Flamengo, no comando da Seleção Brasileira. Desde de seu início de carreira nos anos 1960, suas canções atravessaram gerações.
No entanto, nos últimos anos, há um movimento de blocos para banirem letras que remetam a racismo (O Teu Cabelo Não Nega e Nega Maluca), machismo (Maria Escandalosa e Andorinha), violência contra a mulher (Dá Nela) e homofobia – o que inclui as composições de Kelly Cabeleira do Zezé e Maria Sapatão.
— O Carnaval é uma brincadeira. Você não pode colocar freios. A finalidade é brincar, é o homem se vestir de mulher, você botar um sujeito barrigudo, sair criticando e brincando dentro dos limites. É o faz-de-conta — queixa-se. — Esse negócio de politicamente correto me cheira muito a ditadura.
Para Kelly, o politicamente incorreto no Carnaval é outra coisa:
— A violência que ocorre nos blocos. Pessoas que se infiltram nos blocos para fazer bobagem, que sujam as ruas da cidade. Isso que é politicamente incorreto contra a alegria e não ofende a uma determinada classe, mas ao Carnaval em si.
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