É possível que não haja na Constituição Federal brasileira uma passagem tantas vezes evocada quanto o 15º inciso do quinto artigo, cujo teor garante a qualquer pessoa o direito de ir e vir em todo o território nacional. Mas apesar de toda a (justa) publicidade acerca desse direito, nota-se ainda a existência de muitos grupos incapazes de assimilar a ideia. É nesta ala que se insere o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
Ao longo de 22 dias seguidos , os líderes do MTST cooptaram um bando de pessoas para permanecer num “acampamento” (se assim podemos dizer) que emporcalhou e restringiu o direito de locomoção daqueles que tentavam transitar pela Avenida Paulista, núcleo empresarial e financeiro da cidade que mais produz riqueza em todo o País.
A estratégia de tomar para si um espaço público tinha como objetivo chantagear o governo federal e forçá-lo a assinar a contratação de novas moradias do Minha Casa Minha Vida. Mas quase ninguém que estava ali sabia disso.
Um dos responsáveis pela página do Facebook “Mamãe, Falei” foi ao referido acampamento e desmascarou o polido discurso de que as ocupações promovidas pelo movimento são “legítimas”, “espontâneas” e que “refletem as vontades do Povo”.
Em um vídeo de seis minutos, o repórter revela como os integrantes do acampamento são usados como massa de manobra. Os entrevistados confirmam que assinam uma “lista de presença” ao participar da ocupação. Um dos integrantes atesta que essa lista garantirá “moral” a ele no futuro. Outra participante não sabe nem sequer o que ela ganha com isso.
O repórter testa o conhecimento dos entrevistados ao questionar sobre o funcionamento do Minha Casa Minha Vida (afinal, se esta era a razão para a existência do acampamento, seria de se esperar que seus integrantes entendessem minimamente como funciona o programa, correto?).
Não foi isso que se viu. Diante da falta de argumentos para rebater as afirmações do repórter, ou ao menos responder às suas perguntas, os integrantes do movimento sem-teto apelaram para a violência – verbal e física. Em meio a xingamentos e ameaças, decidiram expulsar o repórter do acampamento. Isso mesmo: o repórter foi expulso de um espaço público!
E para além do absurdo da violência, surge uma frase que reflete bem como pensam os integrantes do MTST.
Questionado sobre a legitimidade de impedir a locomoção de pais de família promovendo protestos com a queima pneus em meio a uma avenida, um dos membros do movimento disparou: “eu sei da minha vida. A vida dos outros pra mim [sic] não interessa”.
A declaração mostra o quão raso é o discurso de igualdade social e de direitos iguais que o MTST e seus líderes pregam.
Fonte: Último Segundo – iG