A efetividade das vacinas contra a covid-19 tem relação direta com a diminuição das internações hospitalares e os óbitos no Rio Grande do Norte, no Brasil. Esse é um dos resultados de estudos realizados por pesquisadores brasileiros, portugueses e estadunidenses, que podem ser observadas no artigo Eficácia da Vacinação COVID-19 na Redução de Internações e Óbitos em Pacientes Idosos no Rio Grande do Norte, Brasil, publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, periódico de relevância internacional, cujo fator de impacto é 4.614.
O estudo, realizado pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), é fruto do trabalho feito no Rio Grande do Norte, em parceria com a Secretaria de Saúde Público do Estado (Sesap/RN). Todos os dados foram colhidos no Ecossistema Tecnológico para enfrentamento à pandemia de covid-19, composto por plataformas como Regula RN, RN Mais Vacina e Plataforma Coronavirus RN, todas elaboradas pelo LAIS em parceria com a Sesap/RN.
Os dados que compõem o estudo mapeiam uma série histórica, definida entre os meses de março de 2020 e agosto de 2021, marcando um período onde inicialmente não havia vacinação disponível, passando pelo início do processo imunizador da população, evoluindo até a ampla vacinação. “Esses dados são de extrema importância, contribuindo para as próximas campanhas de vacinação”, ressaltou o pesquisador Leonardo Lima, um dos autores do artigo. Lima destacou, também, que os dados coletados aferem a eficácia dos imunizantes utilizados.
O artigo comprova que no Rio Grande Grande Norte, Brasil, a ação mais efetiva contra a covid-19 foram as vacinas. Além de demonstrar a efetividade da imunização na redução dos óbitos, o artigo destaca também a efetividade na redução das hospitalizações. Para os autores do artigo, essa fato é reconhecido como efetividade do mundo real, quando as análises e estudos correm fora de ambientes controlados como os laboratórios.
Foi comprovado, também, que mesmo entre os pacientes vacinados que adoeceram com covid-19, quando hospitalizados, tiveram em sua grande maioria um desfecho melhor quando comparados com os pacientes não vacinados. “Esse importante estudo somente foi possível porque o Rio Grande Norte, por meio do LAIS/UFRN e da Sesap/RN , desenvolveu e implantou durante a pandemia de covid-19 um Ecossistema Tecnológico permitindo uma condução responsável da pandemia, orientada por dados assistenciais e epidemiológicos, os quais possibilitaram às autoridades públicas tomadas de decisões mais efetivas e oportunas”, explicou o diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim.
O cientista ainda destaca que as cooperações técnicas realizadas durante a pandemia de covid-19 com os órgãos de controles e com os municípios contribuíram muito com o processo de incorporação do Ecossistema Sistema Tecnológico.
Metodologicamente, a pesquisa tem grande relevância, uma vez que foi possível estudar e analisar mais de 12 mil casos para estudo. Para o médico Ion Andrade, membro do corpo de autores do artigo, o trabalho traz importantes conclusões, como o fato de apenas uma dose da vacina contra a covid -19 já fazer diferença do ponto de vista epidemiológico, em relação a covid grave.
Para Ion Andrade, o fato da pandemia estar controlada se deve às boas coberturas vacinas. “Mas esse artigo traz uma verdade que vai além disso. Ele mostra cada vez mais a importância da vacinação e isso precisa ser conhecido por todos, porque hoje, por exemplo, nós temos uma batalha que não é da covid, mas é também da cultura da vacinação de voltar a ter níveis suficientes de cobertura vacinal para poliomielite, que voltou a ser uma doença de risco”, alertou.
Outra pesquisadora do LAIS e também autora do artigo, Isabela Sales, aponta para dados significativos, principalmente no tocante à redução dos casos entre idosos. “com o início da vacinação, pode-se observar que o número de casos moderados e graves bem como o número de óbitos por COVID-19 diminuíram significativamente, principalmente na população idosa”, explicou a pesquisadora.
Vale lembrar que no período pesquisado quase 100% da população, acima de 60 anos, estava vacinada com 2 doses. Em termos de população geral, esse percentual, dentro do período determinado para a pesquisa, era em torno de 63% em todo o RN.