A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada na quarta-feira (6), traz notícias preocupantes para o Planalto. O levantamento indica que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Israel derrubaram a avaliação do petista a seu nível mais baixo na terceira gestão. A pesquisa aponta também que a percepção geral sobre o governo piorou e chegou a um empate técnico entre positivo e negativo.
Em relação à pesquisa anterior, em dezembro, a aprovação do presidente recuou de 54% para 51% e a desaprovação avançou de 43% para 46%. A distância entre os grupos que aprovam e desaprovam o trabalho do chefe Executivo federal era de 11 pontos percentuais, margem que agora baixou para apenas cinco pontos.
Já a avaliação negativa do governo subiu cinco pontos percentuais (34%) e encostou na positiva (35%). Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, há empate técnico. A distância entre os grupos que aprovam e desaprovam a gestão petista que era de sete pontos percentuais na pesquisa anterior, baixou para apenas um. Outros 28% avaliaram o governo Lula como regular.
A pesquisa da Quaest foi contratada pelo banco Genial e entrevistou pessoalmente 2 mil brasileiros de 16 anos ou mais em todos os estados do país, entre 25 e 27 de fevereiro. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%.
Avaliação econômica e regional
A percepção sobre a economia também influenciou negativamente a avaliação do governo. Entre os entrevistados, 38% responderam que a economia piorou nos últimos doze meses, um avanço de sete pontos percentuais. Houve uma queda de oito pontos entre os que dizem ter havido uma melhora no período (26%).
Segundo a pesquisa, entre os que votaram em branco, anularam seu voto ou não compareceram às urnas, 38% enxergam piora na situação econômica, com alta de seis pontos percentuais sobre a pesquisa anterior. O crescimento do preço dos alimentos — percebido por 73% dos entrevistados — é a principal explicação deste cenário.
A Quaest destaca que a queda na aprovação também acontece, ainda que de forma menos acentuada, entre as mulheres — eleitorado que tradicionalmente apoia o presidente. Ao questionar se o eleitor percebe que o governo se preocupa com ele, a pesquisa encontrou um empate: 48% dizem que sim, 48% dizem que não.
Rejeição entre evangélicos
O presidente entra em seu segundo ano de governo com uma piora na avaliação dos evangélicos, que respondem por 30% do eleitorado brasileiro. O trabalho de Lula é reprovado por 62% dos eleitores deste segmento religioso e aprovado por 35%.
Apesar de acenos de aproximação, como o aval para a Câmara avançar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a imunidade tributária para igrejas, o governo é ainda avaliado negativamente por 48% dos evangélicos (avanço de 12 pontos percentuais sobre dezembro). Por outro lado, 22% classificam a gestão como positiva (recuo de cinco pontos percentuais).
Declaração sobre Israel
A fala do presidente que compara as ações de Israel em Gaza ao que Hitler fez contra os judeus durante a Segunda Guerra foi considerada exagerada por 60% dos entrevistados e 69% dos evangélicos.
“O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou Lula durante entrevista a jornalistas no hotel em que Lula ficou hospedado em Adis Abeba, a capital da Etiópia.
Tribuna do Norte