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Após tarifaço, pesca do RN estuda dar afastamento coletivo para empregados para não demitir em massa

FOTO: JOSÉ ALDENIR

O setor da pesca estuda alternativas para não promover demissões em massa no Rio Grande do Norte após o tarifaço confirmado pelo governo dos Estados Unidos. O segmento emprega atualmente cerca de 1.500 pessoas, que agora estão com o trabalho ameaçado após o presidente Donald Trump anunciar 50% de taxação para a entrada de produtos brasileiros no mercado americano.

“A exportação para os Estados Unidos é responsável por 80% da exportação de pescados do Rio Grande do Norte. No caso da pesca industrial (oceânica, de atum), é 100% Estados Unidos. Além disso, os EUA representam entre 70% e 80% do faturamento das empresas. O tarifaço vai inviabilizar a saída dos barcos”, afirma Arimar França Filho, presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindipesca).

Apesar disso, ele afirma que as demissões não serão imediatas. “A gente não quer demitir. A gente está conversando com a Delegacia Regional do Trabalho, discutindo uma forma de fazer afastamento, treinamento para o pessoal por um período. A gente acredita que, nos próximos meses, isso será revertido. Ou ao menos um pouco aliviado”, detalhou o presidente do Sindipesca, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira.

Sem a possibilidade de entrar no mercado americano, o representante do setor afirma que, no próximo ciclo de pesca, em meados de agosto (durante a lua cheia), embarcações já não vão para o mar. Ele diz que, além das exportações, o próprio abastecimento interno poderá ser prejudicado.

“Nessa próxima rodada, a maioria das embarcações já estão em terra. E vai inviabilizar (o setor como um todo), porque os outros 30% do faturamento eram agregados à exportação. Se não tem mercado principal, não tem como as embarcações saírem”, declarou Arimar.

Entre janeiro e junho de 2025, o Estado exportou mais de US$ 11,5 milhões em peixes frescos ou refrigerados para os Estados Unidos, de acordo com dados do Observatório da Indústria Mais RN. O setor pesqueiro está entre os cinco principais segmentos exportadores do Estado, ao lado de óleos de petróleo (US$ 24, 3 milhões) e produtos de origem animal (US$ 10,3 milhões), que ocupam a primeira e terceira colocação, respectivamente.

Opções para o setor de pesca do RN

A pesca vê na Europa uma alternativa para a exportação de produtos depois que o governo dos Estados Unidos confirmou a imposição de um tarifaço. Representantes do setor, porém, pedem apoio do Governo Federal e do Governo do Estado para superar entraves burocráticos que dificultam o acesso das mercadorias potiguares ao continente europeu.

No caso dos pescados, em especial o atum e peixes costeiros frescos, o principal obstáculo para acessar o mercado europeu é um embargo sanitário. As exportações de pescado do Rio Grande do Norte são totalmente proibidas para a Europa desde 2018. Em dezembro de 2017, uma inspeção da União Europeia (UE) apontou deficiências nos sistemas sanitários de controle, incluindo irregularidades em embarcações e instalações de processamento. A UE confirmou o embargo sanitário como temporária, mas a medida segue ativa até hoje, impedindo o envio de pescado brasileiro ao bloco.

“O desligamento (demissões) é um negócio muito traumático para as empresas. O que a gente está buscando é outras alternativas de mercado”, afirmou o presidente da Fiern, Roberto Serquiz.

O setor aponta que outra opção para o pescado potiguar seria o mercado asiático. Porém, existe outro entrave: o logístico. A precária estrutura do Porto de Natal dificulta a chegada de embarcações maiores – que são necessárias para a longa viagem entre a capital potiguar e países como a China.

Agora RN

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