Dony De Nuccio, jornalista e apresentador do Jornal Hoje, da Rede Globo, faturou nos últimos dois anos um total de R$ 7.239.692 produzindo “road shows telepresenciais”, vídeos, cartilhas e palestras para o Banco Bradesco. Em alguns vídeos, exibidos apenas a bancários em treinamentos, Dony também atuava como apresentador e entrevistador de executivos do Bradesco.
A questão veio à tona nessa quarta-feira, 30. As atividades do âncora do JH no banco contrariam seu contrato com a Globo e põem em xeque um dos pilares dos Princípios Editoriais da emissora, que é a isenção jornalística. Diante disso, após a exposição do envolvimento entre De Nuccio e o Banco Bradesco, o jornalista pediu demissão da emissora nesta quinta-feira, 31.
O desligamento foi confirmado pela própria Rede Globo através de um comunicado divulgando mensagens entre o jornalista e o diretor de jornalismo Ali Kamel. Na mensagem enviada por De Nuccio para Kamel, o jornalista diz que não sabia que os serviços prestados pela sua empresa contrariavam as normas da Globo. “Reitero que minha função não era negociar valores com clientes, mas sim trabalhar na concepção dos projetos e em seu conteúdo”, diz Dony em um trecho da mensagem.
No comunicado, De Nuccio admite ainda que agora ele entende que os serviços que sua empresa prestou ultrapassaram os limites que a emissora exige de seus jornalistas e lembrou que sempre sonhou em trabalhar na emissora e que abriu mão de uma carreira no mercado financeiro.
Kamel respondeu que aceitava o pedido de demissão, mesmo se lamentando pela situação. “Aceito o seu pedido de demissão com pesar mas, assim como você e pelas razões que você aponta, com a certeza de que é o melhor caminho a seguir. Entendo que é absolutamente sincero quando afirma que não agiu com dolo, e esta carta é uma prova eloquente disto”, diz a mensagem do diretor.
Veja o comunicado da emissora:
A direção de Jornalismo da Globo informa que foi procurada por alguns de seus jornalistas que relataram que foram contratados por terceiros para participação em eventos institucionais gravados em vídeo, mas sempre com proibição expressa de que as imagens fossem veiculadas ao público externo ou a clientes.
Em alguns casos, a participação se deu com autorização da Globo por não ferir as políticas atuais da empresa. Em outros casos, a participação foi inadequada, mas sem má-fé. Todos informaram que não possuem empresas prestadoras de serviços de marketing, assessoria de imprensa ou de projetos de comunicação empresarial.
A Globo, ciente agora de que persistem em algumas dúvidas sobre como agir diante de convites, informou que em breve um comunicado reiterará o que é proibido e o que não é, em detalhes, levando em conta a era digital em que vivemos.
Com informações: UOL