O mercado de livrarias deverá ter, depois de décadas, uma nova líder no País. E trata-se de uma rede relativamente desconhecida no eixo Rio-São Paulo: a mineira Leitura, criada em Belo Horizonte pela família Teles há 52 anos. A rede tem atualmente 72 lojas, ante 74 da Saraiva, que está em recuperação judicial e fechou cerca de um quarto de suas unidades nos últimos dois anos. No auge, a companhia chegou a contabilizar 114 pontos de venda em todo o País. A Leitura deve chegar ao primeiro lugar em 2020.
No Rio Grande do Norte, a Leitura está presente na capital potiguar no Natal Shopping, em Candelária.
Isso porque, ao contrário da Saraiva, a rede mineira já tem planos de expansão para o ano que vem. Até maio, de acordo com o presidente da Leitura, Marcus Teles, a empresa vai ter 76 unidades com a abertura de quatro lojas em São Paulo, Campinas (SP), Serra (ES) e Juiz de Fora (MG). O executivo trabalha nos contratos para mais três pontos de venda, devendo terminar 2020 com 79 lojas em operação. Ao fim desse ciclo de expansão, espera ter faturamento anual de R$ 500 milhões.
Parte das inaugurações que a Leitura concretizou nos anos de 2018 e 2019 ocupou territórios dos quais a Saraiva abriu mão. A empresa assumiu os pontos que pertenciam à rival em Vila Velha (ES) e no Shopping West Plaza, na capital paulista. Em janeiro fará o mesmo no Galleria Shopping, em Campinas.
Teles contou ao jornal O Estado de S. Paulo que segue de perto os números da concorrência. Ele disse que, embora vá se tornar a maior rede do País em total de pontos de venda, ainda engatinha no e-commerce. “Pelo que acompanho dos números, vamos passar a Saraiva em vendas no varejo físico, sem contar a internet.”
Enquanto a tradicional líder em livrarias tem vendas relevantes pela web, a Leitura ficou fora do e-commerce por longo período. Retornou em agosto, de forma discreta. “Não dá para sacrificar a margem, vender livro abaixo do preço de custo.”
Na época em que a Saraiva reinava absoluta no País, dominando cerca de 30% das vendas de livros, essa opção por mercados menores foi uma estratégia de sobrevivência. “Sou mais forte em Minas e no Norte e Nordeste“, conta Teles.
Até hoje a Leitura é controlada pela família Teles. No entanto, para financiar a expansão, a empresa elege todos os anos os melhores gerentes de loja. Esses profissionais são convidados a se tornarem sócios minoritários de um ponto de venda a ser aberto no ano seguinte. É o segredo que a família encontrou para conseguir realizar a expansão e garantir que os administradores das unidades tenham “cabeça de dono”.
Com informações: Estadão Conteúdo