Além de Temer, Cunha, Geddel e Henrique Alves, o empresário Henrique Constantino, um dos sócios da companhia aérea Gol, citou em acordo de delação premiada o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como envolvido em “benefícios financeiros” por meio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), segundo informações obtidas pela Reuters.
A menção a Maia e a outros sete parlamentares e ex-parlamentares consta do Anexo 7, um dos 10 anexos do acordo de colaboração que o empresário firmou em fevereiro com o Ministério Público Federal (MPF), que foi homologado pela Justiça Federal em Brasília.
O conteúdo da delação que envolve o presidente da Câmara e os demais parlamentares e ex-parlamentares, que foi obtido pela Reuters, está sob sigilo.
Em entrevista durante viagem que faz a Nova Yok, Maia disse que Constantino está mentindo e que esse será “mais um” dos casos de investigação arquivada. “Nunca me pagou nada, isso é mentira dele. Não tem como provar e vai ser mais um inquérito arquivado na Justiça brasileira”, afirmou Maia, ao chegar para um jantar com empresários e investidores estrangeiros organizado pelo Grupo Safra, na segunda-feira.
“Nunca tive relação com ele, nunca tive nenhum benefício deles. Como outras delações que já foram arquivadas, como da Odebrecht, essa vai ser arquivada também”, completou.
O presidente da Câmara disse que não conhece o empresário e que vai dar explicações à Justiça com “a maior tranquilidade do mundo”. “Nunca falei com ele na minha vida”, afirmou.
Após a prisão de Henrique Eduardo Alves, em junho de 2017, o ex-presidente da Câmara e, agora, o atual comandante da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a situação era “triste” e criticou o que considerou “um excesso de prisões preventivas”.
Em nota, a Abear disse desconhecer os fatos e o teor da delação de Constantino. “Caso a entidade seja procurada pela Justiça para esclarecimentos, estará à disposição”, acrescentou.
A Gol afirmou, também em nota, que Constantino não faz parte da administração da empresa desde o final de julho de 2016, quando deixou o conselho de administração, e disse que a companhia sempre esteve à disposição e colaborou com as autoridades.
Temer e outros
Na delação, Constantino acusou também, em depoimento ao Ministério Público Federal em Brasília, políticos do MDB —como o ex-presidente Michel Temer, os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Alves, além do deputado cassado Eduardo Cunha.
Na delação, o empresário disse que houve pagamentos de propina em troca da liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal para suas empresas.
Henrique Constantino relatou, em depoimento feito no dia 25 de fevereiro a procuradores da República, que participou de uma reunião com o então vice-presidente da República Michel Temer, em 2012, na qual houve a solicitação de 10 milhões de reais em troca da atuação dos emedebistas em favor dos financiamentos pleiteados pelo seu grupo empresarial na Caixa.
Segundo o empresário, o repasse de 10 milhões de reais foi efetuado por meio de pagamentos para a campanha a prefeito de São Paulo de Gabriel Chalita, à época filiado ao MDB, por meio de empresas indicados pelo doleiro Lúcio Funaro.
Temer, que está preso desde a semana passada e deve ter julgado nesta terça-feira um pedido de liberdade pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou qualquer irregularidade, por meio de nota da defesa.
Com informações de Terra