Os estudantes da Faculdades de Campinas (Facamp) foram surpreendidos com uma mensagem assinada pelo diretor da instituição, João Manuel Cardoso de Mello, proibindo as discussões sobre política dentro do campus. De acordo com o comunicado, “a universidade não é o lugar adequado para as discussões político-partidárias”. Além disso, a “transgressão dessa norma civilizada de convivência não será tolerada dentro da Facamp”.
Segundo alunos que não quiseram se identificar, a mensagem foi enviada pouco tempo depois de uma aluna ter sido verbalmente agredida, na semana passada, por ter ido à aula com um vestido vermelho enquanto os demais colegas trajavam preto em protesto contra a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ministério da Casa Civil.
As testemunhas contaram que o grupo obrigou a estudante a trocar de roupa, caso contrário, seria agredida. Assustada, a jovem procurou a direção da Facamp.
A faculdade não quis se pronunciar sobre o episódio ou a mensagem. O Diretório Central dos Estudantes Celso Furtado, da Facamp, afirmou em nota que repudia a violência contra a estudante, mas que defende que “a faculdade é o local apropriado para debatermos e aprendermos sobre política”.
Vários alunos, que não se identificaram, disseram estar revoltados com a atitude da faculdade que prefere proibir em vez de fomentar um debate saudável dentro do campus.
Ex-aluno da Facamp, o advogado Lucas Beltrame afirmou que a atitude tomada pela direção da faculdade é absurda. “O fato de um aluno ter sido hostilizado por outros alunos por assumir uma opção partidária não pode proibir toda uma universidade de falar sobre política ou assuntos político-partidários. Não se pode de maneira nenhuma punir todo o coletivo por um caso particular, quando se tem diversas outras maneiras de lidar com o problema. Inclusive, quando se trata de restrição de direitos fundamentais, como a liberdade de expressão”, afirmou.
Segundo Beltrame, que se formou em 2013, a Facamp sempre autorizou normalmente as discussões políticas. “Inclusive a própria faculdade possuía diversas matérias que nos ajudavam a desenvolver um raciocínio lógico e argumentativo”, disse.
O advogado também se propôs a orientar os alunos que passarem por algum problema por causa de discussões políticas dentro da faculdade.
Fonte: UOL