Realizado na manhã do último domingo (17), o concurso da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares acumulou controvérsias com a aplicação das provas para o cargo de jornalista. Aplicado pelo Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC), que recebeu mais de 7 milhões de reais pelo contrato, o certame se tornou alvo de reclamações por erros crassos na impressão dos cadernos e também na apresentação dos gabaritos.
Enquanto o edital previa a aplicação de 5 questões em cada área para as disciplinas de Noções de Informática, Raciocínio Lógico, Legislação – SUS e Legislação – Ebserh, as três últimas vieram de forma dobrada, enquanto os conhecimentos informáticos simplesmente não foram cobrados. Mesmo com as reclamações imediatas em diversas salas de aplicação, a recomendação dos fiscais foi pela continuidade das provas.
Nesta segunda (18), a publicação dos gabaritos surpreendeu os concurseiros mais uma vez ao resolver considerar apenas a primeira metade das questões das disciplinas que vieram com o número acima do previsto, apesar dos candidatos terem tido que otimizar o tempo para a resolução das perguntas adicionais como se elas estivessem valendo para a correção, sem concessão de minutos a mais. Nenhuma explicação foi dada pela banca para a opção. Já os inexistentes tópicos sobre informática na prova teriam a pontuação máxima atribuída simultaneamente para todos os candidatos, desconsiderando as habilidades de quem estudou conforme o edital com esse foco.
Os problemas não pararam com a manobra tentando evitar os custos de uma reaplicação da prova dentro das regras, contudo. O mesmo gabarito chocou ainda em sua versão inicial por trazer diversas respostas nitidamente equivocadas em relação aos conhecimentos específicos dos jornalistas. Em uma das questões, a recorrente prática de media training se torna atribuída pelo IBFC de forma principal somente à indústria do entretenimento, desconsiderando a sua aplicação mais comum por porta-vozes e executivos apontada em outra resposta. Outro tópico cravava como resposta correta que os meios de comunicação deveriam levar a popularidade das celebridades em conta para a definição do público-alvo.
Na rede social X, o antigo Twitter, os candidatos repercutiram a sucessão de erros. A doutora em Comunicação Paula Falcão pontuou ao perfil oficial da Ebserh que a solução mais plausível diante da sequência de problemas é uma nova aplicação do exame. O jornalista e também advogado José Otávio observou que foram 15 questões desconsideradas ao todo sem uma explicação direta sobre a escolha das que seriam descartadas.
Nas estimativas dos candidatos em grupos que se mobilizam para a apresentação de recursos e denúncias ao Ministério Público, a retificação dos gabaritos publicada no início da tarde também envolveu um número similar de questões na polêmica.
No Rio Grande do Norte, o concurso prevê vagas para a formação de cadastro de reserva no cargo de jornalista no Hospital Universitário Onofre Lopes e na Maternidade Escola Januário Cicco, em Natal, e no Hospital Universitário Ana Bezerra, em Santa Cruz. Procurado através de contatos eletrônicos, o IBFC ainda não apresentou respostas diante das reclamações.