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Aos poucos, Dilma começa sua mudança para Porto Alegre

 DILMA EM ATO CONTRA O AFASTAMENTO: OBJETOS PESSOAIS JÁ ESTÃO SENDO LEVADOS DO ALVORADA PARA PORTO ALEGRE. (FOTO: EDILSON DANTAS)


DILMA EM ATO CONTRA O AFASTAMENTO: OBJETOS PESSOAIS JÁ ESTÃO SENDO LEVADOS DO ALVORADA PARA PORTO ALEGRE. (FOTO: EDILSON DANTAS)

Na semana passada, o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República completou dois meses sem que ela tenha conseguido avançar em seu principal objetivo: obter mais votos de senadores contra o impeachment.

Aliados da petista continuam dizendo que é possível mudar o placar, que, hoje, apresenta uma boa margem a favor do impeachment. Mas, aos poucos, Dilma já está retirando seus objetos pessoais do Palácio da Alvorada — que terá que desocupar caso o impeachment se confirme — e levando-os para seu apartamento em Porto Alegre.

As viagens para a capital gaúcha são as únicas que Dilma ainda pode fazer em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), em geral um jatinho Legacy. Sempre que embarca para lá, a presidente afastada consegue levar duas malas com objetos pessoais. Ela carrega também a bicicleta com a qual se acostumou a fazer seus exercícios diários.

A petista decidiu manter o discurso de que é vítima de um golpe, mesmo sabendo que as chances de reverter o processo de impedimento no Senado são baixas. A preocupação é repetir sempre essa tese para que ela um dia fique registrada nas páginas da História.

— Isso aqui vai ficar registrado como golpe. Dilma está sendo vítima de um projeto de retirada dos direitos trabalhistas. Tenho certeza de que ela será inocentada pela História — disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), ressaltando que ainda não considera a batalha contra o impeachment perdida.

Em Brasília, Dilma tem recebido senadores aliados e concedido entrevistas a emissoras de rádio. Sempre acorda cedo e mantém o hábito de pedalar antes de iniciar a rotina de trabalho. Interlocutores contam que ela está sóbria, consciente das dificuldades de virar o quadro político. Mas que não desistiu dos planos de voltar à Presidência.

A argumentação de quem conta com a possibilidade de reversão do quadro é que a denúncia sobre as “pedaladas fiscais”, uma das bases do impeachment, se fragilizou depois que a perícia do Senado e o Ministério Público Federal isentaram Dilma de ter atuado pessoalmente nas operações de crédito do Plano Safra. Para o Tribunal de Contas da União (TCU), a medida caracterizou a manobra financeira.

Os defensores de Dilma dizem também que ela, inicialmente, era acusada de ter assinado seis decretos de crédito suplementar que desrespeitavam a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Mas que, agora, apenas três continuam sustentando a denúncia de que a presidente afastada cometeu crime de responsabilidade.

Dilma, que não quis ir à comissão de impeachment fazer sua própria defesa, já declarou que irá ao plenário do Senado apresentar sua defesa para as denúncias antes do início da votação final do impeachment.

À ESPERA DE UM FATO NOVO

Além disso, o time de Dilma não descarta que, até o fim de agosto, quando o impeachment será julgado pelo plenário do Senado, um fato novo contra o governo Michel Temer apareça, ferindo mortalmente o presidente interino. Alguns aliados de Dilma secretamente torcem por uma nova delação, como a do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é ligado ao núcleo político do governo Temer e sempre foi próximo do presidente interino.

Outro ponto que tem animado os aliados da petista é o fato de Temer governar com uma enorme e heterogênea coalizão, o que o impede de atender a todos os aliados. Eles torcem pelo aumento das insatisfações.

O Globo

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