Acusado de quebra de decoro parlamentar, deputado faz sua própria defesa
Já dura mais de quatro horas a defesa do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética. Antes de ser questionado por seus pares, Cunha reafirmou em depoimento que durou 13 minutos não possuir contas no exterior, nem patrimônio que esteja “sob sua propriedade”. O peemedebista ressaltou que pedirá a impugnação do relator Marcos Rogério (DEM-RO) e afirmou não ter “nenhum interesse” na postergação do processo, mas na celeridade dele. A representação contra ele o acusa de mentir à CPI da Petrobras ao negar que tinha contas no exterior. Cunha tenta explicar em suas respostas, basicamente, a sua relação com fundos de investimentos no exterior, os chamados trusts, cuja administração é feita por terceiros.
– Não há elementos de prova que seja titular, dono da conta, que possa movimentar a conta. Não escondi nada. O que efetivamente existe é um trust, ao qual o patrimônio não me pertence, não fui autorizado a movimentar a conta, não tenho titularidade…Não possuo investimentos não declarados. O que possuo é ser beneficiário de um trust, com expectativa de direito – disse Cunha, ao continuar:
Se o objetivo fosse esconder patrimônio ou recurso, certamente pelo conhecimento técnico que disponho, teria constituído uma fundação, onde posso esconder patrimônio, beneficiário. O trust identifica administração, quem é o responsável – afirmou.
O presidente afastado da Câmara afirmou ter sido indevido usar a expressão “usufrutário em vida”, numa entrevista, ao se referir à sua relação com o trust. Ele disse que foi inadequado o uso da palavra e que, na verdade, pode ser beneficiário do trust.
– Foi um termo jornalístico para explicar, numa conversa prévia, que sempre ocorre em entrevistas. Posso não ter usado o termo juridicamente adequado, quando disse usufrutuário em vida. No futuro posso ser beneficiário. A expressão não é apropriada. Foi inadequado, é um termo do jargão jornalístico – disse Cunha.
O Globo