
ÚLTIMA APREENSÃO FEITA PELA POLÍCIA FEDERAL NO PORTO DE NATAL TOTALIZA AGORA 4,4 TONELADAS DE COCAÍNA APREENDIDA EM TRÊS MESES DE OPERAÇÃO NO LOCAL
O tráfico internacional de drogas através do Porto de Natal é uma das três principais rotas do Brasil, de acordo com o delegado da Polícia Federal, Agostinho Cascardo. Com a última apreensão de cocaína no local, realizada no fim da tarde desta segunda-feira, 13, a quantidade encontrada é de 4,4 toneladas em três operações feitas no período de três meses. Somente o Porto de Paranaguá, no Paraná, e o Porto de Santos, em São Paulo, tiveram apreensões de drogas semelhantes em tão pouco tempo, com 6,4 toneladas e 8 toneladas, respectivamente.
Entre os três portos citados, o de Natal é o menor em volume de exportações de cargas – são nelas que a cocaína é escondida. Nos três primeiros meses deste ano (de janeiro a março), segundo dados consolidados dos três portos, Santos movimentou 30 milhões de toneladas de mercadorias; Paranaguá, 5,5 milhões; e o Porto de Natal, 136 mil. Proporcionalmente, Natal tem o maior volume de cocaína entre as exportações realizadas.
“Não tenho dúvidas de que o Porto de Natal está entre as três principais rotas internacionais do tráfico”, afirmou Cascardo. O delegado se baseou na quantidade de drogas e na frequência das apreensões antes delas serem exportadas com destino à Holanda e Espanha. As apreensões feitas em solo europeu de cargas que saíram de Natal não foram consideradas – contando com essas, Natal movimentou mais de 12 toneladas em oito meses.
Historicamente, o Porto de Santos é o principal ponto para o tráfico de cocaína, chegando a 23 toneladas apreendidas só em 2018. Este ano, as apreensões chegam a 8 toneladas e a frequência ainda é alta – nesta segunda-feira, 13, no mesmo dia em que 1,1 tonelada foi encontrada em Natal, 300 quilos de cocaína foram flagrados em Santos.
O que tornou o Porto de Natal uma rota principal para o tráfico internacional em pouco tempo foi a falta de segurança do local, ao mesmo tempo que a PF e a Receita Federal intensificavam as operações no Porto de Santos. Essa migração, segundo Agostinho Cascardo, “é natural”. “Depois que começou a ser intensificado lá, eles começaram a migrar para o norte e nordeste. Entre os portos do nordeste, o de Natal tem um bom escoamento e uma fiscalização mais difícil para a Polícia Federal e para a Receita”, completou.
Retomada das atividades
A nova apreensão de cocaína acontece após a única empresa exportadora do Porto de Natal, a empresa CMA CGM, retomar as atividades no local depois de uma paralisação de um mês, motivada pela falta de segurança, segundo alegou a diretoria da empresa a autoridades portuárias em março. Seis navios saíram do porto desde a retomada das atividades, no dia 6 de abril. O primeiro a sair foi no dia 8.
A Polícia Federal afirmou que não parou de fiscalizar as cargas “em momento nenhum” desde que a cocaína foi encontrada no local, mas não descartam que a droga tenha passado no período. O delegado Agostinho Cascardo citou o caso do Porto de Santos, com apreensões frequentes, como um sinal de que a rota não para, apesar dos esforços da polícia. “Assim como não para lá, não parou aqui. O que você pode fazer é ter um controle maior e causar um prejuízo maior do tráfico. Mas não acabou aqui, assim como não acabou em Santos”, afirmou.
A reportagem tentou falar com a empresa francesa CMA CGM para perguntar se haveria nova paralisação, mas não conseguiu contato.
Escâner
A falta do escâner de contêineres no Porto de Natal é uma razão apontada pela PF como facilitadora do tráfico internacional. O equipamento consegue detectar “anomalias” nas cargas sem precisar abri-las. “É possível encontrar cocaína sem o escâner? Sim, nós encontramos 4,4 toneladas. Mas o escâner torna o tráfico mais fácil. A gente sabe disso, mas o traficante também”, explica o delegado da PF.
Desde que as primeiras apreensões de drogas foram feitas no Porto de Natal, a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) afirma que tenta comprar o equipamento. Até agora, não há uma previsão de quando adquiri-lo. “Dado seu valor alto de aquisição estamos buscando negociar alguma parceria entre os atores envolvidos visando a sua obtenção”, afirmou a estatal por meio de nota.

