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Ação da PF liga avião de Eduardo Campos a acusados de lavar dinheiro

PRESOS EM SÃO PAULO NA OPERAÇÃO TURBULÊNCIA DA PF, EMPRESÁRIOS CHEGAM AO RECIFE ESCOLTADOS POR POLICIAIS (FOTO: REPRODUÇÃO/TV GLOBO)

PRESOS EM SÃO PAULO NA OPERAÇÃO TURBULÊNCIA DA PF, EMPRESÁRIOS CHEGAM AO RECIFE ESCOLTADOS POR POLICIAIS (FOTO: REPRODUÇÃO/TV GLOBO)

 

Quatro pessoas foram presas em uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga a ligação entre o avião que caiu com o ex-governador de Pernambuco e então candidato à presidência Eduardo Campos, em agosto de 2014, em Santos (SP), e uma organização criminosa acusada de movimentar mais de R$ 600 milhões e de realizar lavagem de dinheiro. Uma quinta pessoa está foragida. A Operação Turbulência, desencadeada nesta terça (21), tem como objetivo desmontar o grupo que atua em Pernambuco e em Goiás e possui ligação até com o esquema investigado pela Operação Lava Jato.

Até o início da manhã desta terça tinham sido cumpridos quatro dos cinco mandados de prisão. João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho e Eduardo Freire Bezerra Leite foram presos quando desembarcavam em São Paulo, mas foram levados para o Recife, chegando no Aeroporto dos Guararapes às 9h50. Já Apolo Santana Vieira foi preso em uma academia, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana, e Arthur Roberto Lapa Rosal foi preso em casa, em Vitória de Santo Antão, na Mata Norte de pernambuco. O quinto mandado, ainda em aberto, é para Paulo César de Barros Morato.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) diz que a empresa AF Andrade seria a proprietária da aeronave em que Campos viajava. A empresa, no entanto, disse que repassou o jato para João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, um dos presos nesta terça-feira. Em 2014, o PSB afirmou que o uso da aeronave que transportava o ex-governador Eduardo Campos na campanha eleitoral havia sido autorizado pelos empresários pernambucanos João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira.

A previsão é de que os presos prestem depoimento na sede da Polícia Federal, no Cais do Apolo, região central do Recife, e depois sejam encaminhados para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.Os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

Duzentos policiais federais cumprem 60 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão, 22 de condução coercitiva e cinco de prisão preventiva. Também estão sendo cumpridos mandados de indisponibilidade de contas e sequestro de embarcações, aeronaves e helicópteros dos principais membros da organização criminosa.

Os mandados judiciais estão sendo cumpridos em 18 localidades em  Pernambuco, além do Aeroporto Internacional dos Guararapes Gilberto Freyre, na Zona Sul da capital. Os agentes estiveram  nos seguintes bairros do Recife:  Boa Viagem, Pina, Ibura e Imbiribeira (Zona Sul), Espinheiro, Alto Santa Terezinha (Zona Norte), além de Cordeiro e Várzea (Zona Oeste). Também houve ação nas cidades de Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Vitória de Santo Antão, Moreno e Lagoa de Itaenga, além de Goiânia e Aparecida de Goiânia (GO).

O início
A investigação começou a partir da análise de movimentações financeiras suspeitas detectadas nas contas de algumas empresas envolvidas na aquisição da aeronave Cessna Citattion prefixo PR-AFA.

A Polícia Federal constatou que essas empresas eram de fachada. Elas foram constituídas, de acordo com a PF, em nome de laranjas. Os sócios investigados são apontados como responsáveis por diversas transações entre si e com outras empresas fantasmas. Durante as apurações, os agentes chegaram até nomes conhecidos de grupos citados na Operação Lava Jato.

Há suspeita de que parte dos recursos que transitaram nas contas examinadas servia para pagamento de propina a políticos e formação de “caixa dois” de empreiteiras.  A Polícia Federal informa que o esquema criminoso sob apuração encontrava-se ativo, no mínimo, desde o ano de 2010.

Investigados
Eduardo Ferreira Bezerra Leite, João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho e Apolo Santana Vieira foram citados em documentos da operação de compra e venda do jato Cessna, utilizado pela comitiva. O dinheiro usado para pagar o avião teria passado por escritórios em Brasília e São Paulo, e por uma peixaria fantasma em uma favela do Recife.

Os extratos entregues à Polícia Federal mostram o recebimento de 16 transferências, de seis empresas ou pessoas diferentes, num total de R$ 1.710.297,03. Nesses documentos, aparecem os números do CPF das pessoas físicas ou do CNPJ das empresas que transferiram dinheiro para a AF Andrade, então dona da aeronave, segundo a Agência Nacional de Avião Civil (Anac). Com esses números foi possível chegar aos donos das contas.

Uma das empresas citadas, a Leite Imobiliária, pertence a Eduardo Bezerra Leite e recebeu R$ 727 mil, em 15 de maio, segundo os extrados – essa transação seria apenas um dos negócios envolvendo o jato. João Carlos Pessoa de Mello Filho teria recebido repasses de R$ 195 mil, da AF Andrade, mas a empresa afirmou que já tinha repassado a aeronave para outro empresário, que emprestou para a campanha de Campos.

À época, o empresário João Carlos Lyra declarou que, para honrar compromissos com a empresa AF Andrade, fez vários empréstimos com o objetivo de pagar parcelas atrasadas do financiamento do Cessna. A Leite Imobiliária confirmou que transferiu quase R$ 730 mil para a AF Andrade, como um empréstimo a João Carlos Lyra. O PSB declarou, na época, que o uso do avião foi autorizado pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira.

OPERAÇÃO TURBULÊNCIA DA PF MOBILIZOU 200 AGENTES DA PF  (FOTO: DIVULGAÇÃO)

OPERAÇÃO TURBULÊNCIA DA PF MOBILIZOU 200 AGENTES DA PF (FOTO: DIVULGAÇÃO)

G1 PE

 

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