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ABEEólica e integrantes de Comissão da FIERN apontam desafios para energia eólica offshore deslanchar no Brasil e no RN

YAMAMOTO, DA ABEEÓLICA, FRISOU POTENCIAL DE INVESTIMENTOS NO OFFSHORE E DESAFIOS PARA DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE. FOTO: DIVULGAÇÃO

O Rio Grande do Norte, que lidera a geração de energia eólica onshore (em terra) no Brasil, tem tudo para assumir o papel de protagonista também no offshore (no mar) e, inclusive, para sediar fábricas de componentes como pás e aerogeradores, caso seja um dos primeiros estados no país a viabilizar a implantação de futuros parques eólicos no mar.

A projeção foi apresentada pelo diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), Sandro Yamamoto, durante reunião da Comissão Temática de Energias Renováveis (COERE), da Federação das Indústrias do estado (Fiern), nesta segunda-feira (20).

O estado também precisará, entretanto, superar desafios para melhorar o ambiente para os investidores. Infraestrutura e segurança jurídica foram citados por Yamamoto e por outros integrantes da Comissão entre os principais pontos de atenção no RN e no país.

Atualmente, o Brasil tem 54 projetos de energia eólica previstos para o mar – os chamados complexos eólicos offshore – à espera de licenciamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Eles totalizam 133,33 Gigawatts (GW) e já correspondem a 70% da capacidade atual instalada pelo setor elétrico, incluindo todas as fontes de energia.

O Rio Grande do Norte é detentor, segundo o Ibama, de 12% da capacidade prevista nos complexos offshore – ou 15,85 GW. A potência representa o dobro do que há atualmente instalado em parques eólicos terrestres no estado e está distribuída em um total de 1090 aerogeradores, as turbinas que converterão a energia dos ventos em energia elétrica.

Ao todo, sete estados aparecem no mapa dos licenciamentos para implantação no mar. Além do RN, Ceará, Espírito Santo, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina se movimentam.

DESAFIOS

Entre os próximos desafios da fonte eólica offshore no Brasil, o diretor da ABEEólica citou a necessidade de estudos sobre a cadeia de valor, sobre como usar esse potencial de maneira competitiva, além de questões ambientais e regulatórias, institucionais, tecnológicas e de custos.

Desafios ligados ao mercado – como a necessidade de viabilização de leilões de reserva de eólica offshore – e de infraestrutura, a exemplo de um porto adequado, transmissão e logística, também foram citados como “requisitos para o desenvolvimento do setor”.

“A transmissão é um grande gargalo, mas dá tempo fazer o planejamento”, frisou Yamamoto.

No Rio Grande do Norte, o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) está realizando estudo sobre a infraestrutura para escoamento da energia offshore, em parceria com o governo do estado.

“O estudo dos melhores pontos de conexão será entregue este ano, tomando a dianteira dessas informações no Brasil”, disse o diretor do ISI-ER e do departamento regional do SENAI-RN, Rodrigo Mello.

Ele observou ainda que o SENAI-RN, por meio do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), também iniciou discussões com a Maersk Training – parte da gigante dinamarquesa do setor de logística A.P. Miller – Maersk e a maior empresa de treinamentos profissionais para a indústria de energia eólica do mundo – para desenvolver soluções conjuntas para formação de profissionais de olho no offshore.

O governo do estado também está desenvolvendo projeto com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com estudos para possível instalação de um porto indústria no estado, para atender a demandas como a instalação dos futuros parques eólicos no mar.

ARTICULAÇÃO

O presidente do Sistema FIERN, ao qual o SENAI e o ISI-ER estão vinculados, e presidente da COERE, Amaro Sales de Araújo, ressaltou que a Federação das Indústrias já incluiu esses e outros desafios na pauta de discussões com o governo, e que interações relacionadas já estão em curso. “Estamos atentos às necessidades do setor”, disse o presidente.

Ele também frisou que a atração de possíveis fábricas ligadas à atividade “seria o coroamento do potencial que o Rio Grande do Norte tem e uma importante oportunidade de negócio para o estado”.

“Um porto, infraestrutura de estrada, recepção de energia, a busca por exportar energia – que até um passado recente poderia parecer besteira – hoje são assuntos em evidência com a eólica offshore e o hidrogênio verde e o RN está inserido nessa discussão”, destacou ele.

A importância de segurança jurídica para os investidores e de regras claras em relação a áreas como licenciamentos ambientais para os empreendimentos também foram citadas como desafios pelo diretor primeiro tesoureiro da FIERN, Roberto Serquiz, e pelo diretor da FIERN, ex-presidente da COERE e representante titular da ABEEólica na Comissão, Sérgio Azevedo.

A COERE é um fórum de discussões, acompanhamento e proposições sobre o setor de energias renováveis que reúne 24 instituições locais e nacionais, entre elas a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), principais entidades representativas do setor no país.

A Comissão passou a ser presidida em março pelo presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo. Antes, a posição era ocupada pelo engenheiro Sérgio Freire, até fevereiro deste ano também presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Mossoró.

Na reunião desta segunda-feira (20) também foram apresentados detalhes do Fórum Potiguar de Energias Renováveis, que será promovido no último trimestre do ano em parceria entre SENAI-RN, COERE e SEBRAE. Foram detalhados ainda os resultados da 1ª Sondagem da COERE, conduzida pelo MAIS RN – núcleo de pensamento estratégico da Federação das Indústrias do estado – com diagnósticos sobre o setor e um índice de confiança que será divulgado trimestralmente.

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