O cancelamento de aproximadamente 30 voos da companhia aérea Avianca Brasil chegando ou partindo do Rio Grande do Norte para outros destinos nacionais agudizou um antigo problema local: o elevado custo dos bilhetes aéreos. Com um número menor de voos à disposição, sair do Estado potiguar para São Paulo em maio, por exemplo, está 104,25% mais caro do que era cobrado até o mês de março, segundo consultores de viagens consultados pela Tribuna do Norte, nesta terça-feira, 23.
A passagem de ida e volta, conforme detalhado por esses trabalhadores girava em torno de R$ 800,00. Conforme pesquisa realizada nesta terça-feira no Portal Mundi está custando R$ 1.634,00 para deslocamentos entre os dias 2 e 9 de maio próximo. O total pago pelo trecho a partir do Aeroporto Int. Gov. Aluízio Alves chega a custar mais que o dobro que o cobrado a partir do Aeroporto de Fortaleza no mesmo período e também para São Paulo, cuja passagem custa aproximadamente R$ 773,00.
Conforme fontes da reportagem ligadas à Avianca Brasil, a empresa deixou de transportar aproximadamente 4 mil passageiros somente no Rio Grande do Norte ao longo deste mês de abril. “Cada voo que saía de São Paulo para Natal, estava lotado. Os voos da Avianca para Natal são feitos nas aeronaves A320 com capacidade para 162 passageiros. Elas sempre estavam muito cheias. O pior, é que a empresa não nos comunicada nada oficialmente. Só sabemos da situação através da imprensa”, disse um trabalhador da empresa que pediu sigilo de identidade por temer represálias. Além dos cerca de R$ 2,5 bilhões acumulados com empresas de leasing e fornecedores diversos, a Avianca não honrou o pagamento dos acordos de demissões voluntárias realizados ao longo deste ano com os trabalhadores que optaram pelo desligamento.
Em crise financeira há quase seis meses, a Avianca cancelou desde o dia 18 de abril, pelo menos 26 voos chegando e partindo do Rio Grande do Norte. A maioria deles, ligando os estados potiguar e paulista através do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. A companhia aérea foi procurada para comentar o caso. A TRIBUNA DO NORTE questionou o quantitativo de passageiros que deixaram de ser transportados no Rio Grande do Norte ao longo deste mês de abril, além da redução na movimentação de aeronaves no Aeroporto Int. Gov. Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante. Por meio da assessoria de imprensa, a empresa informou que não comentaria tais questionamentos, limitando-se informar os procedimentos para os passageiros que adquiriram passagens de e para os locais nos quais voos foram cancelados (vide procedimentos no box).
Perda de turistas e dinheiro
A conselheira da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), Diassis Holanda, teme que o Estado perca ainda mais turistas e eventos com a problemática do custo das passagens. “A nossa malha aérea vem diminuindo há alguns anos e nunca nada melhorou. A situação está insustentável, com passagens cada vez mais caras. É inadmissível pagar R$ 1.600 numa passagem aérea Natal/Recife/Natal. Como se justifica isso? Se justifica porque nosso mercado é fechado. As empresas de low cost precisam atuar no país. Além disso, está cada vez mais difícil captar eventos para Natal, pois temos a passagem aérea mais cara do Nordeste. Ou seja, estamos perdendo turistas, eventos e dinheiro”, desabafou Diassis Holanda.
A secretaria de Estado do Turismo, Ana Maria da Costa, declarou que o cancelamento de voos da Avianca não vai afetar apenas o Rio Grande do Norte, mas todo o país, visto que trata-se da crise de uma grande companhia aérea nacional. Foram mais de mil voos cancelados. “A nossa expectativa é que os impactos da crise pela qual a empresa está passando sejam atenuados no Rio Grande do Norte. Já estávamos em negociação com outras companhias para aumentar a nossa malha aérea e melhorar as tarifas de passagens para o estado antes do cancelamento desses trechos”.